A indústria da invasão
Foi preciso uma tragédia para algumas autoridades e até setores da imprensa abrirem os olhos para a lucrativa indústria da invasão. A maioria da população conhece o problema há tempo. Há milhares de imóveis invadidos na cidade de São Paulo e Brasil afora. Por trás da conveniente desculpa da carência de moradia existem vários movimentos ditos “sociais” que exploram a pobreza. São grupos de aproveitadores muito bem estruturados em matéria de equipamentos, logística e apoio jurídico. Esses movimentos mantêm gente preparada para pesquisar, analisar, arrombar, ocupar, preparar, alugar, cobrar e despejar. Para multiplicar as vagas a “locar”, transformam quartos e salas em minúsculos cubículos com divisórias de madeira. Como qualquer um pode “alugar” os imóveis invadidos, disso se aproveitam criminosos – ladrões e traficantes – para se refugiarem e esconderem armas, drogas e objetos roubados. Para evitar ou dificultar reintegrações, os malandrões usam mulheres e crianças na linha de frente e mantêm advogados de prontidão. No sequestro de pequenos imóveis particulares, eles até os devolvem, mas mediante resgate a combinar, pois sabem que, pelas vias legais, os proprietários levarão anos para reavê-los na Justiça. Os custos dessa indústria são mínimos, pois os proprietários dos imóveis invadidos é que arcam com os impostos, a destruição de suas propriedades e as ligações clandestinas de água e luz. A miséria é um grande negócio e a desordem tomou conta do País. JOÃO CARLOS A. MELO jca.melo@yahoo.com.br São Paulo