O Estado de S. Paulo

São Paulo mapeia imóveis para reforçar orçamento

Governo estadual estima ter 5 mil imóveisque podem ser vendidos; Prefeitura calcula um estoque de 1 mil unidades

- Luiz Guilherme Gerbelli

Num período de forte restrição fiscal, a Prefeitura e o governo de São Paulo estão mapeando o seu portfólio de imóveis disponívei­s e buscando formas de se desfazer desses bens para engordar o orçamento.

No fim de janeiro, o Estado definiu o gestor do seu primeiro fundo imobiliári­o por meio de um pregão. Foram 264 imóveis repassados, avaliados em quase R$ 1 bilhão. Nos próximos meses, deve lançar medidas similares para se desfazer de mais bens.

A Prefeitura se prepara para colocar em marcha até o fim deste mês uma licitação para contratar o estruturad­or que vai definir qual é o melhor destino para seus imóveis. “Esse estruturad­or pode criar um fundo ou até mesmo propor a venda direta”, diz o secretário adjunto de Desestatiz­ação e Parcerias da Prefeitura de São Paulo, Rodrigo Pirajá. “Queremos contratar um estruturad­or para que ele indique a solução que melhor potenciali­ze a capacidade de exploração e rentabilid­ade desses imóveis para a Prefeitura.”

A estimativa da administra­ção municipal é que a arrecadaçã­o com o repasse de imóveis possa superar R$ 1 bilhão.

No mapeamento feito pelos governos estadual e municipal, o estoque de imóveis que podem ser repassados é estimado

em 5 mil e 1 mil, respectiva­mente. Normalment­e, são escolhidos bens subutiliza­dos ou mesmo abandonado­s pela administra­ção pública.

“Foi feito um garimpo dos imóveis que poderiam ter algum interesse comercial”, afirma a subsecretá­ria de Parcerias e Inovação da Secretaria de Governo do Estado, Karla Bertoco Trinidade.

Na disputa para a estruturaç­ão do fundo imobiliári­o estadual, sete empresas se mostraram

interessad­as. “Depois que vencemos, fomos procurados por algumas prefeitura­s interessad­as em conhecer o processo. Nós entendemos que é um movimento que deve se repetir por outros Estados e prefeitura­s”, afirma Marcelo Varejão, diretor da corretora Socopa, companhia vencedora e responsáve­l pela administra­ção do fundo por cinco anos.

O portfólio das administra­ções públicas costuma ser muito maior em relação ao que é possível ser transferid­o. O entrave é que não é possível repassar todos os imóveis. Nem sempre a documentaç­ão está completa – há bens do século passado – e parte dos imóveis também serve para serviços básicos, abriga escolas e hospitais.

“Muitos imóveis não estão com documentaç­ão em ordem, não têm matrícula e, portanto, acaba sendo difícil atribuir valor comercial”, afirma Karla, subsecretá­ria do Estado.

Carteira bilionária. A estimativa, por exemplo, é que o Estado de São Paulo tenha uma carteira de 30 mil imóveis avaliada em R$ 625 bilhões, de acordo com estudo realizado pela consultori­a Boston Consulting Group (BCG).

Esse valor investido em uma aplicação conservado­ra, de rendimento de 3%, aumentaria o orçamento do Estado em R$ 18,8 bilhões ao ano, o que equivale a 2,1 vezes o orçamento atual.

“O ideal atualmente é que a administra­ção pública sempre tenha uma visão mais ampla e melhor planejada do portfólio dos imóveis para fazer um processo bem pensado”, afirma o diretor do BCG no Rio de Janeiro e especialis­ta em infraestru­tura, Thiago Cardoso.

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GABRIELABI­LO / ESTADAO Avaliação. Consultori­a estima que o Estado de São Paulo tenha uma carteira de 30 mil imóveis avaliada em R$ 625 bilhões
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WERTHER SANTANA/ESTADÃO

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