‘Para muitos, ele é a escolha menos ruim’
Giovanni Orsina, historiador da Universidade Luiss, de Roma, é tido como o maior especialista em Silvio Berlusconi na Itália. Para ele, Berlusconi é visto por muitos como a opção menos ruim. “Nas próximas eleições, os italianos terão de escolher entre alternativas que muitos, por diferentes razões, não gostam”, diz. A seguir, trechos da entrevista concedida ao Estado.
Berlusconi poderia governar com a Liga Norte?
Isso dependerá do quanto as pesquisas são confiáveis. Há suspeitas de que a Liga Norte possa ser mais forte do que as pesquisas indicam. A força do partido será relativa ao seu peso eleitoral, mas eles serão uma força intermediária. A Liga Norte está bem organizada, tem pessoas decentes no Parlamento. Se a coalizão tiver maioria, imagino que o poder relativo da Liga Norte pode crescer ao longo do governo, enquanto o de Berlusconi tende a cair.
• O que se poderia esperar de um governo de coalizão de direita e de extrema direita?
Se houver uma maioria, podemos esperar uma política migratória ainda mais dura. Claro, há a retórica e a prática. Podemos esperar algumas leis que dificultem a permanência de imigrantes, mas sabemos que expulsá-los não é fácil. Imigração e segurança seriam bandeiras principais. E poderemos esperar um governo próximo ao grupo Visegrad (países de perfil populista conservador: Hungria, Polônia, República Checa e Eslováquia) e mais próximo da Rússia.
Berlusconi continua inelegível. Quem seria o primeiro-ministro?
Ninguém sabe. Depende da força de cada partido. Hoje, é impossível prever. Fala-se que Berlusconi poderia assumir em 2019, mas ele terá 83 anos. Com Berlusconi, não se pode nunca dizer nunca, mas é difícil.
Renzi tem alguma chance?
O PD está indo mal nas pesquisas. Talvez o resultado venha a ser melhor do que esperamos, mas não acredito que uma coalizão de esquerda chegue a 30% dos votos. O PD tem cerca de 22% sozinho. Mesmo que somemos os partidos de extrema esquerda, eles estarão longe de uma maioria. A única chance de governo é uma coalizão de direita.