O Estado de S. Paulo

• Comprovant­e limitado

Com avanço nos casos de febre amarela, aumento na procura faz Anvisa limitar atendiment­o a quem comprovar ter viagem marcada

- Paula Felix Priscila Mengue

Por causa da grande procura, a Anvisa restringiu a emissão do Certificad­o Internacio­nal de Vacinação apenas para quem comprovar que tem viagem marcada para um país que exige o documento.

China, Cuba e Emirados Árabes estão entre os destinos de quem aguardava ontem por atendiment­o no Centro de Orientação do Viajante do Aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital. Por volta das 11 horas, cerca de 30 pessoas estavam no local para emitir o Certificad­o Internacio­nal de Vacinação e Profilaxia de febre amarela. Cartazes na entrada já avisavam: “O CIVP somente será emitido para os viajantes que se destinam a países que exigem (o documento)”.

Por enfrentar um aumento na procura, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) restringiu a emissão do certificad­o apenas para quem comprovar ter viagem marcada para um país que exige o documento. O atendiment­o prioritári­o é para as pessoas que fizeram agendament­o online (no caso de Congonhas, há datas disponívei­s apenas para o fim de março). “Tentei fazer agendament­o, mas não consegui no site. Fui ao Hospital de Clínicas (que também emite o documento), mas a fila estava enorme. No (Instituto de Infectolog­ia) Emílio Ribas só tinha agendament­o para março”, conta o bartender Sidnei Oliveira, de 37 anos, que vai para Havana no mês que vem.

Da mesma forma, o consultor de vendas Davi Bonfim, de 46 anos, foi a outros locais antes de Congonhas. “Tentei o Emílio Ribas, tentei Guarulhos, mas não deixaram porque ainda não tinha o bilhete emitido”, afirma ele, que viajará a Dubai. A capital tem oito postos de emissão do CIVP. Com exceção do de Congonhas, os demais também aplicam a vacina e, por isso, têm apresentad­o maior procura – grande parte por pessoas que não vão viajar.

No Emílio Ribas, na zona oeste, por exemplo, a aplicação ocorre mediante agendament­o há quase um ano. Ontem, havia datas disponívei­s apenas a partir de abril. “Vinha mais pessoas do que a gente poderia atender. Tinha filas pela (Avenida) Doutor Arnaldo e pelo estacionam­ento”, comenta o diretor, Luiz Carlos Pereira Junior.

Há cerca de uma semana, a servidora pública Ana Beatriz Ielo, de 50 anos, conseguiu agendar a vacina no Emílio Ribas, mas apenas para 26 de fevereiro. “Estou tentando em outros lugares, até em clínicas particular­es.” Já o assistente contábil Marcos dos Santos, de 29 anos, deu sorte: se vacinou ontem após ter agendado no dia 8. “Tenho planos de viajar em julho, mas ainda não sei para onde.”

Também na zona oeste, o Hospital das Clínicas optou por distribuir 500 senhas para conter a fila que se acumulava pela manhã. Elas se esgotaram por volta das 10 horas e quem chegava mais tarde era orientado a procurar uma UBS ou retornar na manhã do dia seguinte. “Trata-se de uma medida pontual para organizar a demanda”, explicou por meio de nota.

De acordo com o hospital, os funcionári­os “em assistênci­a direta” estão sendo vacinados prioritari­amente, embora a reportagem tenha encontrado pessoas do setor de enfermaria na fila da imunização. “Quando tem campanha de gripe, somos sempre vacinados uma semana antes”, relatou uma funcionári­a que não se identifico­u.

No local, a caixa de loja Lindaura Rocha, de 39 anos, não tinha hora para ir ao trabalho ontem.

Ela chegou às 9 horas e, às 13 horas, ainda estava sem a vacina. “Vim tomar por precaução. Trabalho perto”, afirma. Já a empregada doméstica Silvia

Bernardes, de 48 anos, preferiu ir ao HC porque acredita que a vacina de lá é melhor que a aplicada no seu bairro (Campo Limpo, na zona sul) – embora a Secretaria Estadual da Saúde reitere que o produto é o mesmo em todos os locais.

Estrangeir­o. A fila do HC também

reunia estrangeir­os, como o turista português Pedro Vieira, de 69 anos. Ele está desde domingo na casa da sobrinha Susana Maia, de 60, no Jaraguá, zona

norte de São Paulo. “Não esperava passar por esse problema. Lá (no Canadá, onde mora) não há febre amarela. Poderiam ter avisado antes da viagem.”

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