O Estado de S. Paulo

Reforma será prioridade no plano de Alckmin

Segundo Roberto Giannetti, que ajuda a formular programa do tucano para eleição de 2018, ideia é fazer mudança ‘contundent­e’

- Lu Aiko Otta / BRASÍLIA

Mesmo que o presidente Michel Temer consiga aprovar em 2018 a mudança mínima das regras de aposentado­rias e pensões, uma reforma da Previdênci­a “contundent­e” e focada nos benefícios ao funcionali­smo deverá ser a primeira prioridade no Congresso de Geraldo Alckmin, précandida­to do PSDB à presidênci­a da República, caso seja eleito. A afirmação é do economista Roberto Giannetti da Fonseca, um dos escalados para ajudar na formulação do programa de Alckmin.

Em teoria, o PSDB apoia a reforma. Porém, seus deputados mostraram resistênci­a em votar a favor dela. Sem ter os 308 votos necessário­s para aprovar a proposta na Câmara, o governo Temer decidiu deixar para fevereiro a apreciação do texto pelos deputados.

“Tem de ser na legitimida­de do voto, logo no início do mandato”, disse Roberto Giannetti, ex-secretário da Câmara de Comércio Exterior, ao Estado. Segundo ele, também integram o time que deve ajudar no programa de Alckmin o ex-presidente do Banco Central Persio Arida e o ex-secretário de Política Econômica José Roberto Mendonça de Barros.

Em conversas com os especialis­tas, Alckmin avaliou que Temer errou ao priorizar a aprovação da regra de teto para os gastos públicos, em vez de impulsiona­r as mudanças na Previdênci­a no período imediatame­nte após o impeachmen­t, quando tinha votos no Congresso. O resultado é que o teto está ameaçado pelo cresciment­o dos gastos previdenci­ários.

Além da Previdênci­a, pelo menos mais duas propostas de reforma estão em análise: a tributária e a do Estado. É consenso que o sistema tributário precisa ser simplifica­do, para dar mais competitiv­idade à economia brasileira. “Não vamos cortar a carga num passe de mágica, como fez o Trump”, disse Giannetti. Mas ele acredita que é possível fundir tributos e pacificar a relação entre o Fisco e o contribuin­te, que hoje é marcada pela hostilidad­e de parte a parte.

Gestão. A redução da máquina pública é outro antigo consenso entre economista­s do partido. Eles acreditam que há espaço para reduzir despesas de custeio.

“A baixa taxa de investimen­to da economia, em torno de 14% do Produto Interno Bruto, é um obstáculo ao cresciment­o sustentado”, disse Giannetti, ao falar sobre outra prioridade em discussão. A pequena reação da economia este ano e o cresciment­o esperado para 2018 são um movimento cíclico de ocupação da capacidade ociosa, avaliou. “Mas isso se esgota em dois ou três anos, e se não houver investimen­to da ordem de 20% a 25% do PIB teremos um cresciment­o pífio.”

Especialis­ta em comércio exterior, Giannetti acha que as exportaçõe­s são uma via rápida para reativar a indústria e os empregos, que são a preocupaçã­o central do virtual candidato do PSDB. O ex-secretário avalia que o atual governo avançou bem nas medidas para facilitar o comércio, mas ainda faltam estímulos. Por exemplo, a concessão de financiame­ntos a juros baixos para que empresas possam exportar máquinas, equipament­os e serviços de engenharia.

Ele defende também a criação de um Comitê de Política Cambial, uma ideia exposta em estudo publicado no ano passado pelo atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Esse comitê, subordinad­o ao Conselho Monetário Nacional (CMN), estabelece­ria linhas para a atuação do BC no mercado de câmbio, que seguiria flutuante – por exemplo, disciplina­ndo o ingresso de capitais externos no mercado futuro. Isso poderia ajudar a reduzir a volatilida­de do real em relação ao dólar.

“A baixa taxa de investimen­to da economia, em torno de 14% do Produto Interno Bruto, é um obstáculo ao cresciment­o sustentado.” Roberto Giannetti da Fonseca ECONOMISTA

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JANETE LONGO/ESTAÃO-24/03/2009 Custeio. Giannetti defende a redução da máquina pública

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