Oposição na Guatemala teme boicote de árabes
País centro-americano foi o primeiro a seguir decisão dos EUA de mudar embaixada em Israel para Jerusalém
A decisão do presidente da Guatemala, Jimmy Morales, de mudar a embaixada do país em Israel para Jerusalém, consolidando seu apoio aos EUA, não encontrou consenso internamente. O ex-vice-presidente guatemalteco Eduardo Stein (20042008) advertiu que a decisão teria consequências econômicas. Stein teme que a medida atinja cerca de 45 mil pequenos produtores de cardamomo, uma planta da família do gengibre.
O país centro-americano é o primeiro exportador do condimento do mundo e tem como principais compradores as nações árabes. Stein lembrou que o ex-presidente Ramiro de León Carpio (1993-1996) tomou a mesma decisão sobre Jerusalém, mas voltou atrás quando países árabes fecharam as portas para o mercado guatemalteco.
Morales justificou a decisão afirmando que o país sempre foi “pró-Israel”. A Guatemala foi o primeiro país a seguir a decisão do presidente americano, Donald Trump, que reconheceu Jerusalém como capital israelense e anunciou a mudança da embaixada americana.
Na segunda-feira, a chancelaria guatemalteca informou o início dos procedimentos para a mudança. O deslocamento só deve ocorrer após a mudança da embaixada americana. Segundo Israel, há 10 países em tratativas para mudar a sede diplomática para Jerusalém. O Ministério das Relações Exteriores palestino classificou a ação como “vergonhosa” e “sem valor legal”.
Ao lado de Honduras, Togo, Micronésia, Nauru, Palau e as Ilhas Marshall, a Guatemala se alinhou a Washington e Israel para rejeitar a condenação da Assembleia-Geral da ONU ao anúncio de Trump – que desencadeou diversos protestos na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e em países árabes. A Guatemala participou da criação do Estado de Israel em 1947.