Marun admite liberar verba da Caixa por voto na Previdência
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admitiu ontem que o Planalto pressiona governadores e prefeitos a angariar votos pró-Previdência em troca da liberação de recursos de bancos públicos. “Financiamentos da Caixa são ações de governo. Entendemos que deve ser discutida alguma reciprocidade”, disse.
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admitiu ontem que o Palácio do Planalto pressiona os governadores e prefeitos a trabalhar a favor da aprovação da Reforma da Previdência em troca da liberação de recursos em financiamentos de bancos públicos, como a Caixa.
“Realmente o governo espera daqueles governadores que têm recursos a serem liberados, financiamentos a serem liberados, como de resto de todos os agentes públicos, reciprocidade no que tange à questão da (reforma da) Previdência”, disse o ministro.
Marun negou que esteja promovendo “chantagem” com governadores e prefeitos e destacou que os financiamentos da Caixa “são ações de governo”. O peemedebista disse que o governo está pedindo apenas uma “ajuda” em troca dos votos pela reforma. “Financiamentos da Caixa são ações de governo. Senão, o governador poderia tomar esse financiamento no Bradesco, não sei onde. Obviamente, se são na Caixa Econômica, no Banco do Brasil, no BNDES, são ações de governo, e nesse sentido entendemos que deve, sim, ser discutida com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é uma questão que entendemos hoje de vida ou morte para o Brasil”, justificou.
O ministro disse que os parlamentares ligados aos governadores também terão aspectos eleitorais positivos com os financiamentos aos governos locais. “Olha, não entendo que seja uma chantagem o governo atuar no sentido de que um aspecto tão importante para o Brasil se torne realidade, que é a modernização da Previdência”, afirmou. “Não é retaliação aos governadores, é pedido de apoio”, completou.
Como revelou a Coluna do Estadão na semana passada, o novo ministro da articulação do governo Temer levantou todos os pedidos de empréstimos na Caixa por Estados, capitais e outras grandes cidades e condicionou a assinatura dos contratos à entrega de votos pelos governadores e prefeitos que exercem influência sobre os deputados. O primeiro a ser pressionado foi o governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB). Procurada, a Caixa não se manifestou sobre o assunto.