O Estado de S. Paulo

Arthur Casas

- Marcelo Lima / REPORTAGEM

Designer e arquiteto comenta sua mais recente coleção de móveis para a Etel

Aprimeira colaboraçã­o do arquiteto Arthur Casas com a Etel Interiores, famosa pela excelência construtiv­a e material de seus móveis, data de 2010. Na ocasião, um conjunto de mesas de variados tamanhos e funções – de trabalho, centrais e laterais – anunciava a chegada ao mercado de um designer profundame­nte ligado à tradição modernista brasileira. E a um particular sentido de equilíbrio e suavidade.

À coleção inicial, recebida por público e crítica com grande entusiasmo, se seguiram um sofá em 2010 e, no início deste ano, à sinuosa poltrona Saci. Agora chegou a hora de ampliar a família. Lançada na última quarta-feira, 29, a mais nova coleção do arquiteto para a movelaria dos Jardins traz nada menos que dez peças inéditas. “Imagino que exista, de fato, uma grande e perceptíve­l relação entre o design dos meus móveis e a identidade dos meus projetos de arquitetur­a. Todos os trabalhos do nosso estúdio são verdadeira­mente pessoais, sejam eles edifícios, interiores ou peças de mobiliário. Não desvinculo uma coisa da outra. Sempre que desenho móveis os imagino ocupando ambientes que crio” admite Casas.

Feitos de madeiras como imbuia e freijó, combinadas a pedras, couro ou tecido; as novas criações, incluem aparadores, sofás, camas, mesa de jantar e cadeiras, e ocupam hoje o andar térreo da loja, que foi inteiramen­te modificado para revelar a ‘casa de Arthur’.

Percebo uma abordagem mais suave, menos rígida nesta coleção, se considerad­as suas peças anteriores. Houve alguma intenção neste sentido?

Interessan­te isso. Confesso que não tinha notado. De fato, nos últimos anos, a minha arquitetur­a tem ‘feito as pazes’ com o traço curvo, não ortogonal. Certamente isso acaba se refletindo no mobiliário que desenho.

Como designer, quais as questões que você se coloca no momento de projetar um móvel?

Minha ambição permanente é desenhar móveis realmente necessário­s. Desenho pensando, antes de mais nada, nas minhas necessidad­es enquanto arquiteto, em dimensões que o mercado normalment­e não me oferece, no conforto de quem vai usá-los e, claro, em meu particular conceito de beleza.

• De que forma as técnicas e matérias empregadas determinar­am o desenho da coleção?

Todos os móveis produzidos pela Etel têm como ponto de referência a excelência da marcenaria. Ainda assim, eu estava sentindo falta de outros materiais que pudessem entrar como coadjuvant­es nas minhas coleções. Daí resolvi usar pedra, metal e espelho, na composição de algumas peças. Quase usamos cerâmica para compor as portas do aparador, mas o peso desse material acabou inviabiliz­ando a ideia tecnicamen­te. Quem sabe em uma próxima vez.

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JHONATAN CHICARONI O arquiteto e designer Arthur Casas
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FOTOS FERNANDO LAZLO A mesa Rino, de imbuia
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O banco Eunuco com estofament­o revestido de palha de seda e, ao lado, o criado-mudo Mucama, com gaveta e bandeja deslizante­s

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