O Estado de S. Paulo

‘Nunca compro um lote sem conhecer o produtor’

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Representa­nte das torrefaçõe­s urbanas, Hugo Wolff começou vendendo seus cafés para cafeterias da moda e hoje já possui uma loja online que anda causando furor em São Paulo, a Wolff Café. Ele considera que a parte mais importante do seu trabalho é a valorizaçã­o dos grãos dos produtores com quem trabalha, como por exemplo mulheres que vêm buscando espaço num mercado tão machista. Para isso, tem investido na exportação de uma parte desses grãos especiais, pois acha que a venda de alguns lotes para outros países pode dar o suporte necessário para que os produtores consigam crescer.

O sucesso da operação de Hugo também depende do contato direto com os produtores parceiros. “Nunca compro um lote sem conhecer o produtor”, garante. E foi saindo da toca que seu negócio deslanchou. A produtora de Piatã, na Bahia, Brígida Salgado conheceu o caçador de grãos por acaso em Brasília. Ela faz parte da Cooperativ­a de Produtores Orgânicos e Biodinâmic­os da Chapada Diamantina (Cooperbio), que reúne produtores de cafés especiais orgânicos da região, e entregou amostras de seu café a Wolff.

Dias depois, lá estava ele na Bahia, reunido com os produtores. Hoje se comunicam por email e o produto é enviado até ele. “Mandamos amostras e ele liga explicando o que precisamos mudar”, conta a produtora.

A empresária Cecília Nakao auxilia Hugo em suas buscas na região do Caparaó (ES). Quando o torrefador viaja até lá, os produtores se reúnem para conversas e palestras que têm como grande objetivo fortalecer suas marcas. Para ela, a parte mais gratifican­te do trabalho que realizam é “diminuir o vão que existe entre as cadeias do café”.

Hugo afirma que seu trabalho foi inspirado por duas mulheres fortes que trabalham no mundo do café, um local ainda fortemente masculino. Sua mãe, produtora do grão, e Isabela Raposeiras, do Coffee Lab. E até hoje continua se cercando delas. Brígida, que já foi presidente da Aliança Internacio­nal das Mulheres do Café (IWCA – Brasil), afirma que o meio é muito machista e que já foi muito desrespeit­ada, mas segue conquistan­do seu espaço diariament­e.

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MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO

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