Manobra de cartolas enfraquece a voz dos atletas no COB
Dirigentes mudam texto e reduzem de 12 para 5 os votos da classe nas assembleias da entidade; novo estatuto é aprovado
Dirigentes de 15 confederações esportivas derrubaram uma das principais mudanças previstas para o novo estatuto do Comitê Olímpico do Brasil (COB), aprovado ontem em Assembleia Geral. Com direito à impugnação de um voto contrário, eles determinaram que os atletas terão direito a apenas cinco votos nas assembleias do comitê a partir de agora. O texto que foi à votação previa 12. O caso poderá acabar na Justiça.
A proposta de redução de 12 para cinco partiu do presidente da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo, Durval Balen, e ganhou apoio de metade dos 30 presentes à votação. O desempate veio a partir da anulação do voto do presidente Eduardo Mufarej, da Confederação Brasileira de Rugby (CBRu).
O dirigente precisou deixar a assembleia mais cedo, mas antes de sair declarou seu voto – com pedido de registro em ata – em favor do aumento para 12 atletas nas assembleias. Quando a proposta foi à votação, houve empate em 15 a 15. Com isso, o presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Alaor Azevedo, que queria cinco atletas, defendeu a impugnação do voto de Mufarej. Outros 14 favoráveis à menor representatividade fizeram o mesmo.
Além dos dirigentes do tênis de mesa e do tiro esportivo, votaram contra o aumento os dirigentes das confederações de boxe, canoagem, ciclismo, ginástica, handebol, levantamento de peso, pentatlo moderno, remo, taekwondo, tênis, tiro com arco, vôlei e luta olímpica.
A mudança frustrou membros da comissão estatuinte. “Obviamente não foi o que a classe gostaria, que era um terço de participação”, disse o judoca Tiago Camilo. “Eu tinha direito a apenas um voto. O que a gente quer é justamente que seja mais democrático.”
No início da noite, a organização Atletas pelo Brasil divulgou nota em que também criticou a decisão, que classificou como “uma manobra”. Segundo a entidade, a votação no COB demonstrou “que o espírito autoritário segue vivo em parte das confederações” olímpicas.
A CBRu, por sua vez, informou que vai notificar o COB para validar seu voto e, caso não consiga, tomará “medidas administrativas e judiciais para tornar válido seu direito de voto”.