Criança desmaia de fome e motiva investigação
Aluno de baixa renda precisa se deslocar 30 km para ir à escola; secretaria da Educação nega problemas
O desmaio de um menino de 8 anos em uma escola do Distrito Federal esta semana iniciou uma investigação da Procuradoria de Justiça do Ministério Público Estadual para verificar se alunos da instituição estão passando fome. Ele faz parte de um grupo de 250 crianças de baixa renda que precisa se deslocar por 30 quilômetros diariamente para participar das aulas no período vespertino. A Secretaria de Educação do DF oferece só um lanche aos estudantes, composto por bolacha e suco, de duas a três vezes na semana.
Segundo a professora do aluno, Ana Carolina Costa, o menino estava chorando e reclamando de dores no peito na segunda-feira. Ao tentar ajudá-lo, ele desmaiou duas vezes. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e, durante o atendimento da criança, foi relatado que ele não havia comido nada no dia anterior e teria tomado apenas um mingau de fubá antes de sair de casa. Três irmãos da criança confirmaram a informação.
Ana Carolina disse que outras crianças do grupo também chegam reclamando de fome na instituição pública. “Já percebi desde o começo do ano e aí a gente comentava com a direção, só que a Secretaria ( de Educação) informava que não podia mudar o cardápio, não podia fazer a adaptação alimentar”, contou.
Após a repercussão do episódio, a Secretaria de Educação enviou um conselheiro da área de alimentação até a escola para verificar a situação. Em nota, ainda afirmou que o técnico do Samu que prestou o atendimento não relatou “nenhum problema”. “Durante o atendimento no local, a criança não sofreu desmaio. Após o atendimento, o pai foi chamado e levou o menino para casa. Na sequência, a escola acionou o Conselho Tutelar para verificar a situação da família.”
A nota diz ainda que o Conselho Tutelar informou que a família da criança recebe o Bolsa Família (R$ 520) e o DF Sem Miséria (R$ 400).