O Estado de S. Paulo

Ataque deixa 275 mortos na Somália

Caminhões-bomba foram detonados no centro de Mogadíscio; autoridade­s desconfiam de grupo jihadista

- MOGADÍSCIO /

Um atentado com dois caminhõesb­omba em Mogadiscio, capital da Somália, matou ao menos 275 pessoas e deixou 300 feridos. Nenhum grupo reivindico­u a autoria.

Um atentado com dois caminhões-bomba cometido no sábado na capital da Somália, Mogadíscio, matou ao menos 275 pessoas. Nesse que foi o ataque mais violento da história do país outras 300 pessoas ficaram feridas e o número de mortos pode aumentar. Nenhum grupo reivindico­u a autoria da ação, mas as suspeitas das autoridade­s recaiam sobre o grupo jihadista Al-Shabab.

Os hospitais, com escassez de medicament­os e sangue, ficaram superlotad­os de feridos. Os caminhões foram posicionad­os em um cruzamento movimentad­o do distrito comercial de Hodan, que abriga muitas empresas e hotéis. Os mais atingidos foram o Safari Hotel e um movimentad­o mercado da cidade. Segundo a imprensa somali, a maioria dos mortos era de civis, principalm­ente vendedores ambulantes.

Segundo o comandante policial Ibrahim Mohamed, a maioria dos corpos ficou carbonizad­a ao ponto de se tornar “irreconhec­ível”. “É muito difícil ter um número preciso (de mortos) porque os corpos foram levados a diferentes centros médicos, e alguns foram retirados por seus parentes para o enterro”, disse Mohamed, que considerou esse o “pior atentado” da história da Somália.

“O que vi nos hospitais que visitei é indescrití­vel. Continuamo­s encontrand­o corpos e peço a todos que ajudem. As pessoas estão em uma situação difícil”, declarou o prefeito de Mogadíscio, Tabid Abdi Mohamed. O presidente somali, Mohamed Abdullahi Mohamed, visitou ontem o hospital Erdogan, onde os médicos afirmaram ter recebido 205 pessoas, mais de 100 delas com ferimentos graves. Abdullahi Mohamed decretou três dias de luto após o ataque.

“Um atentado horrível foi cometido pelos shebab contra civis inocentes e não estava dirigido contra autoridade­s do governo somali. Isto mostra a falta de piedade desses elementos violentos, atacar sem distinção pessoas inocentes”, afirmou o presidente em um discurso.

O Safari Hotel é um estabeleci­mento popular, mas não utilizado com frequência por funcionári­os do governo. As autoridade­s ainda não sabem se o alvo era especifica­mente o hotel. Os shebab já atacaram hotéis onde funcionári­os do governo estavam hospedados.

Nenhum grupo havia reivindica­do o ataque até ontem, mas os rebeldes shebab, embrião da Al-Qaeda, executam com frequência ataques suicidas em sua luta contra o governo somali, que é respaldado pela comunidade internacio­nal.

Os shebab querem derrubar o frágil governo central somali, apoiado pela comunidade internacio­nal e por 22 mil soldados da União Africana (UA).

Eles foram expulsos da capital da Somália há seis anos por tropas somalis e da UA. Com o passar dos anos, perderam o controle das principais localidade­s do sul do país. Mas os rebeldes continuam controland­o as zonas rurais e realizam ataques contra os militares, o governo e alvos civis, assim como ataques terrorista­s no Quênia.

União. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guter- res, condenou o atentado e pediu ao país que se una contra o terrorismo. Em um comunicado, Guterres pediu “a todos os somalis que se unam à luta contra o terrorismo e o extremismo violento e trabalhem lado a lado na construção de um Estado funcional e inclusivo”.

O chefe da ONU enviou suas condolênci­as às famílias afetadas e desejou uma pronta recuperaçã­o aos feridos, ao mesmo tempo que elogiou os serviços de emergência e os habitantes de Mogadíscio por sua mobilizaçã­o para atender as vítimas.

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MOHAMED ABDIWAHAB/AFP Terror. Explosões ocorreram perto de empresas e hotéis, destruindo vários edifícios
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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO/NYT

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