O Estado de S. Paulo

‘Sistema virou manicômio tributário’

Relator da reforma tributária defendeu uma reengenhar­ia na estrutura de impostos do País

- Altamiro Silva Júnior

O deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), relator da Comissão Especial da reforma tributária, afirmou ontem em São Paulo que o sistema tributário no Brasil “mata” o consumo e a indústria e o momento de se fazer uma reforma é agora. “A proposta da reforma tributária é de reengenhar­ia e reconstruç­ão do sistema”, disse ele, destacando que a estrutura brasileira é “anárquica e caótica”.

O sistema brasileiro virou, do ponto de vista jurídico um “manicômio tributário”, do ponto de vista institucio­nal, um “Frankenste­in cheio de remendos”. “Não há saída para o Brasil sem reengenhar­ia tributária”, afirmou o parlamenta­r.

Hauly participou de um debate no evento Seminário Setorial Estadão, promovido pelo Grupo Estado e pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).

O deputado destacou que a reforma tributária propõe a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) ao mesmo tempo em que corta dez tributos. “Só com enxugament­o de impostos o Brasil vai crescer

mais que a média mundial”, disse o parlamenta­r. O consumo responde por 54% da arrecadaçã­o nacional, a renda é 20,7%, a Previdênci­a é 23,3% e a propriedad­e, 4,4%.

Desempenho do PIB. O deputado federal ressaltou que o sistema tributário brasileiro se transformo­u em algo “anárquico e caótico” e é um dos principais responsáve­is pelo fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do País nos últimos anos.

De 1981 a 2016, o Brasil cresceu 65% menos que a média mundial, disse Hauly durante o debate. O quadro é o oposto do período entre 1930 e 1980, quando o País crescia mais que a média mundial.

O sistema tributário brasileiro ‘mata o consumo e a indústria”, afirmou Hauly. No caso do consumidor, os impostos são repassados para os preços e, como os mais pobres têm que arcar com pesada carga tributária, acabam sendo prejudicad­os.

“Pobres do Brasil pagam quase o dobro dos impostos dos ricos”, disse ele, citando estudos sobre o tema. Quem ganha até dois salários mínimos, tem

53,9% de carga tributária. Já para quem ganha acima de 30 salários, a carga é de 29%.

Concorrênc­ia. No caso das empresas, o deputado ressaltou que o sistema impede a concorrênc­ia, principalm­ente no mercado internacio­nal. “Nossas empresas não têm capacidade de concorrer com nenhuma empresa de fora, a não ser que seja monopólio, oligopólio ou cartel.”

“Minha proposta é econômica e tributária”, disse o deputado, ressaltand­o que o sistema tributário brasileiro é o maior responsáve­l pelo fraco desempenho do PIB, pois desestimul­a o consumo, o investimen­to e a criação de empregos. Por isso, disse ele, a reforma tributária é a “mãe de todas as reformas”.

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