O Estado de S. Paulo

Bendine usava nome de Dilma para pedir propina

Segundo procurador­ia, ex-presidente de estatal associava sua imagem à da presidente cassada para se promover; executivo foi preso em Sorocaba

- / JULIA AFFONSO, FAUSTO MACEDO, THAÍS BARCELLOS, ELIZABETH LOPES e ELIZABETH LOPES

Ao deflagrar a nova etapa da Operação Lava Jato, a forçataref­a afirmou que o ex-presidente da Petrobrás e do Banco do Brasil Aldemir Bendine usou o nome da presidente cassada Dilma Rousseff para se promover e obter as propinas que havia pedido.

Bendine assumiu o comando da Petrobrás em fevereiro de 2015 após deixar a presidênci­a do Banco do Brasil, posto que ocupava desde 2009. Contudo, segundo a força-tarefa, não houve nada de concreto encontrado nas investigaç­ões contra a presidente cassada.

Os focos principais dessa fase são, além de Bendine, operadores financeiro­s suspeitos de gerenciar o recebiment­o de R$ 3 milhões em propinas pagas pela Odebrecht em favor do ex-presidente da Petrobrás. Também tiveram a prisão temporária decretada por cinco dias os irmãos Antonio Carlos e André Gustavo Vieira, apontados como “profission­ais da lavagem de dinheiro” na operação. Bendine, de acordo com a investigaç­ão, já havia pedido propina quando comandava o Banco do Brasil.

Segundo a força-tarefa da Lava Jato, um dos operadores financeiro­s que atuavam com Bendine “confirmou que recebeu a quantia de R$ 3 milhões da Odebrecht, mas tentou atribuir o pagamento a uma suposta consultori­a que teria prestado à empreiteir­a para facilitar o financiame­nto junto ao Banco do Brasil”. O Ministério Público Federal afirma que a empresa usada pelo operador financeiro era de fachada.

Prisão. A Polícia Federal prendeu Bendine pouco antes das 6 horas da manhã. Ele estava com a família na casa de sua filha, em um condomínio de luxo, na zona sul de Sorocaba, interior paulista. Com um mandado judicial, os policiais federais foram ao local em quatro viaturas.

Bendine ainda dormia e foi acordado com a chegada dos policiais. Ele foi levado para a sede da PF, a quatro quilômetro­s do condomínio, na Rodovia Raposo Tavares, de onde foi transferid­o para Curitiba.

A PF descobriu que Bendine estava com viagem marcada para Lisboa. O embarque iria ocorrer hoje. A PF disse que tinha a informação de que Bendine, que também tem nacionalid­ade italiana, só havia comprado passagem de ida a Portugal. A defesa do ex-presidente da estatal

e do banco nega (mais informaçõe­s nesta página).

Ao todo foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e 3 mandados de prisão temporária no Distrito Federal e nos Estados de Pernambuco, Rio e São Paulo.

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GERALDO BUBNIAK/AGB–12/4/2016 Em Sorocaba. Bendine em viatura após ser preso pela PF em condomínio no interior de SP

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