O Estado de S. Paulo

UMA MULHER DE OURO

Aos 26 anos, pernambuca­na é medalha de ouro nos 50 m costas e se torna a primeira brasileira a conquistar um título mundial em piscina longa

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Apernambuc­ana Etiene Medeiros, de 26 anos, levou a medalha de ouro ontem nos 50 metros costas no Mundial em Budapeste, tornando-se a primeira brasileira a conquistar o topo do pódio em piscina longa. Com o tempo de 27s14, ela superou a chinesa Yuanhui Fu por apenas 0s01. Amanhã, Etiene disputa os 50 metros livre.

Aos 26 anos, a pernambuca­na Etiene Medeiros continua sua escrita de ser a grande desbravado­ra da natação brasileira. Ela é a primeira nadadora do País a ganhar uma medalha em uma edição do Mundial Júnior (2008) e a conquistar um ouro em Mundial de piscina curta (2014), ocasião em que também se tornou a primeira brasileira a estabelece­r um recorde mundial. Agora, ela se tornou a primeira brasileira a conquistar um título em Mundial em piscina longa. Etiene venceu ontem a final dos 50 metros costas no Mundial de Esportes Aquáticos, em Budapeste, na Hungria, com o tempo de 27s14.

A “gigante” Etiene mede 1,69m e ganhou quatro quilos de massa muscular nos últimos meses, após os Jogos Olímpicos do Rio, quando ficou com o oitavo lugar na final dos 50m livre. Por isso, resolveu mudar sua preparação física agora, três anos antes dos Jogos de Tóquio-2020. Amanhã ela disputa justamente essa prova no Mundial de Budapeste.

Incentivad­a pelos pais, o autônomo Jamison Medeiros e a funcionári­a pública Etiene Pires (a mãe quis o mesmo nome para a filha), a pernambuca­na começou sua carreira aos oito anos, no Sport, nas piscinas da Ilha do Retiro – até hoje a atleta tem carinho pelo rubro-negro pernambuca­no, clube da qual é torcedora fanática.

Em 2012, com 21 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro e passou a treinar no Flamengo, mas um ano depois, mais uma mudança, desta vez para São Paulo, onde até hoje integra a equipe do Sesi-SP e é treinada por Fernando Vanzela.

Disputa. Na prova, a nadadora brasileira superou em apenas 0s01 a chinesa Yuanhui Fu, medalhista de prata, além de ter registrado novo recorde sul-americano dos 50m costas. O pódio foi completado pela bielo-russa Aliaksandr­a Herasimeia.

“Que prova! Para mim foi uma temporada diferente. Realmente estava relaxada desde o início do ano, mas fiquei um pouco mais nervosa do que o normal porque todas as adversária­s estavam me desejando boa sorte”, disse após a vitória.

Os feitos anteriores serviram como motivação para a vitória em Budapeste, mas a própria Etiene se diz “mais madura”. Mesmo assim, a nadadora do Sesi-SP afirmou, pouco depois de deixar a piscina, que ainda não conseguiu mensurar o tamanho da vitória na Hungria.

“Caímos mesmo na real quando se chega ao Brasil e encontramo­s os nossos amigos que acordaram cedo para me ver competir”, disse a campeã mundial. “Meus pais e meu irmão não estão aqui. Sinto falta disso, e eles também fazem parte disso. Eles estão na água comigo.”

Ela revelou que precisou superar a pressão psicológic­a que também foi imposta pela chinesa. “Ela é uma ótima adversária tanto dentro quanto fora da água. Ela te aborda com uma ginga diferente, é tenso”, disse.

Antes de Etiene, o Brasil havia faturado seis medalhas em Budapeste – três delas na maratona aquática com Ana Marcela Cunha, ouro nos 25km e bronze nos 5km e nos 10km, e ainda três pratas na natação, no revezament­o 4x100 metros livre, com Nicholas Santos nos 50m borboleta e com João Gomes Júnior nos 50m borboleta.

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CHRISTOPHE SIMON/AFP
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TIBOR ILLYES/MTI VIA AP Na batida. Etiene Medeiros conquistou a medalha de ouro com um centésimo de vantagem sobre a rival

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