O Estado de S. Paulo

Tuíte com proibição surpreende Pentágono

- Cláudia Trevisan

Em outra reversão de políticas de Barack Obama, o presidente Donald Trump anunciou ontem que transgêner­os não poderão servir nas Forças Armadas americanas em “nenhuma condição”. O anúncio surpreende­u o Pentágono, causou indignação entre ativistas LGBT e foi criticado por congressis­tas republican­os, entre eles o veterano de guerra John McCain, presidente da Comissão de Serviços Armados do Senado.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sander, não soube explicar o que acontecerá com os soldados que estão na ativa, alguns deles no Afeganistã­o e no Iraque. Estudo no ano passado da Rand Corporatio­n, a pedido do Departamen­to de Defesa, estimou que havia 2.450 militares transgêner­os nos EUA, em um contingent­e total de 1,3 milhão. Outros 134 mil integram a população de 22 milhões de veteranos.

“Nossas Forças Armadas devem estar focadas em vitórias decisivas e esmagadora­s e não podem ser oneradas com os tremendos custos médicos e transtorno­s que transgêner­os nas Forças Armadas implicaria­m”, disse Trump ao anunciar a medida no Twitter. Em junho do ano passado, Obama decidiu que soldados que mudaram de sexo poderiam servir de maneira aberta nas Forças Armadas. O senador republican­o John McCain discordou de Trump. “Não há nenhuma razão para forçar militares que são capazes de lutar, treinar e se deslocar a deixar as Forças Armadas, independen­temente de sua identidade de gênero”, afirmou o senador em nota. O caso mais conhecido de militar transgêner­o nos EUA é o de Chelsea Manning, que serviu no Iraque como Bradley. Ela recebeu indulto de Obama após passar 7 anos na prisão por divulgar segredos militares.

A Holanda foi o primeiro país a admitir transgêner­os em suas Forças Armadas, em 1974. Atualmente, 19 nações seguem essa política, entre as quais aliados dos EUA, como Grã-Bretanha, Israel, Canadá e Austrália. O estudo da Rand estima que o Pentágono gastaria entre US$ 2,9 milhões a US$ 8,4 milhões ao ano em cirurgias de mudança de sexo. O orçamento de assistênci­a médica do Departamen­to de Defesa é de US$ 6 bilhões. Em 2014, o Pentágono gastou cerca de US$ 84 milhões em medicament­os para disfunção erétil, como Viagra, segundo levantamen­to da publicação Military Times.

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NEW YORK TIMES Ícone. Chelsea Manning, antes Bradley

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