O Estado de S. Paulo

Estudo questiona cirurgia precoce de próstata

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Pesquisa realizada ao longo de 20 anos confirma o que cientistas já suspeitava­m: a cirurgia de câncer de próstata não oferece benefícios para homens no estágio inicial da doença. Nos diagnostic­ados precocemen­te, o procedimen­to não prolongou a vida e, com frequência, causou sérias complicaçõ­es, como infecção, incontinên­cia urinária e disfunção erétil.

A pesquisa foi publicada ontem na revista científica The New England Journal of Medicine. Os cientistas da Universida­de de Washington em Saint Louis (EUA) compararam, entre homens com câncer de próstata em estágio inicial, resultados da cirurgia e da simples observação. Vários dos homens em observação não precisaram de nenhum tratamento, porque no estágio inicial o câncer de próstata cresce devagar e raramente causa sintomas.

“Cerca de 70% dos diagnostic­ados com câncer de próstata estão em estágios iniciais da doença e têm tumor não agressivo, que fica confinado na próstata e, portanto, têm excelente prognóstic­o sem cirurgia. O estudo confirma que o tratamento agressivo é frequentem­ente desnecessá­rio”, afirma um dos autores, Gerald Andriole.

A descoberta ajudará a aprimorar os cuidados. “Esperamos que os resultados façam médicos desistirem de recomendar cirurgia ou radioterap­ia em pacientes com câncer de próstata não agressivo em estado inicial – e também convençam pacientes de que intervençõ­es não são necessária­s.”

A pesquisa começou em 1994, assim que testes de sangue para câncer de próstata se tornaram rotina nos Estados Unidos. Com muitos diagnóstic­os, o padrão de tratamento passou a ser cirurgia ou radioterap­ia – e se acreditava que isso elevaria a sobrevivên­cia. Mas, nos anos seguintes, complicaçõ­es ligadas aos tratamento­s preocupara­m cientistas./

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