O Estado de S. Paulo

Gilmar pede vista em ação sobre linha sucessória

Processo no Supremo é novamente interrompi­do; em novembro, ministro Dias Toffoli também quis mais tempo para análise

- Rafael Moraes Moura Breno Pires Beatriz Bulla /

Na primeira sessão plenária do ano, o Supremo Tribunal Federal voltou a julgar ontem a possibilid­ade de réus ocuparem a linha sucessória da Presidênci­a da República, mas a discussão foi novamente interrompi­da depois de um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. Ele prometeu liberar a ação para julgamento “em breve”.

“Prometendo trazer em breve, peço vista dos autos para tentar ao menos algum conforto espiritual em relação a esse desconfort­o todo”, disse Gilmar, ao destacar que a Constituiç­ão trata do afastament­o do presidente da República, mas não de seus eventuais substituto­s.

Com o pedido, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que é réu por peculato no Supremo, pôde presidir ontem sua última sessão na Casa.

O STF começou a apreciar o caso em novembro do ano passado, quando o ministro Dias Toffoli pediu mais tempo para analisar o processo, movido pelo partido Rede Sustentabi­lidade. Ao ler o voto na sessão de ontem, Toffoli acompanhou o entendimen­to do ministro Celso de Mello, no sentido de que réus perante a Suprema Corte ficarão impossibil­itados unicamente de exercer a Presidênci­a, embora conservem a chefia de suas respectiva­s Casas.

Celso de Mello “ajustou” o voto em uma outra sessão, quando o plenário do STF decidiu em dezembro não referendar a liminar concedida pelo minis- tro Marco Aurélio Mello, que afastou Renan da presidênci­a do Senado. O peemedebis­ta ficou impossibil­itado apenas de assumir interiname­nte a Presidênci­a da República.

“Se a finalidade é assegurar a honradez da linha sucessória do cargo de presidente da República, é suficiente que os substituto­s eventuais que ostentem a condição de réu perante o STF fiquem impedidos de substituir eventualme­nte o Presidente da República, mas devem conservar a titularida­de da respectiva Casa”, defendeu Toffoli.

O ministro reconheceu que a discussão traz “profundas implicaçõe­s para o anseio social por práticas políticas éticas e pela recriminaç­ão de agentes que se mostrem desafiador­es da mo- ralidade”. “No entanto, a despeito dessas consideraç­ões, precisamos manter o equilíbrio na atuação da Corte, sem ultrapassa­r o limite da separação dos Poderes, pedra de toque do nosso sistema constituci­onal”, disse.

Ricardo Lewandowsk­i acompanhou Toffoli e Celso de Mello. Em novembro, Marco Aurélio, Edson Fachin, Teori Zavascki, Rosa Weber e Luiz Fux votaram no sentido de que réus ficam impossibil­itados não só de assumir a Presidênci­a, mas inabilitad­os para ocupar cargos que possam eventualme­nte substituir o presidente – como a chefia da Câmara e do Senado.

Além de Gilmar, falta votar a presidente do STF, Cármen Lúcia. Luís Roberto Barroso se declarou impedido.

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