O Estado de S. Paulo

Meirelles vai discutir ação de emergência para Estados

Impasse na Câmara adiou a votação do programa que suspende o pagamento de dívidas por até 36 meses

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O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o governo federal vai discutir medidas emergencia­is “possíveis” antes do regime de recuperaçã­o dos Estados, já que a votação na Câmara do projeto que suspende por até três anos o pagamento de dívidas deve ficar para 2017.

“Em Estados que estão em maior emergência, como o Rio, vamos discutir as medidas emergencia­is possíveis antes do regime de recuperaçã­o”, disse Meirelles. Segundo ele, o governo acredita que o trâmite do projeto de regime dos Estados no início da próxima legislatur­a será “muito rápido”. “Mesmo se houvesse a aprovação agora, as assembleia­s também vão entrar em recesso e deveria ficar para o final de fevereiro, mar- ço”, ponderou.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), segurou a sessão para que fosse firmado um acordo em torno do projeto, mas não obteve sucesso. “Quando outros Estados estiverem sem condição de pagar os salários, talvez seja tarde para que a Câmara possa colaborar com uma legislação que resolva a crise fiscal.”

Líderes da base disseram que vão tentar mobilizar os deputados para que o texto seja apreciado na próxima semana, mas admitem que será difícil. “Acho complicado. Combinamos de encerrar os trabalhos esta semana. Muitos deputados já estão com viagens programada­s”, afirmou o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE).

Impasse. O projeto foi aprovado no Senado na quarta-feira e havia a expectativ­a de que fosse votado ontem na Câmara. As alterações feitas pelos senadores, porém, criaram um impasse. O ponto que gerou mais polêmica foi justamente a inclusão do Regime de Recuperaçã­o Fiscal para os Estados que estão em si- tuação crítica, como Rio Grande do Sul, Minas e Rio.

Um dos pilares do regime é a suspensão do pagamento de dívidas dos Estados com a União por até 36 meses. Quem estiver no regime poderá contrair novos empréstimo­s com garantias da União, desde que os recursos sejam usados para renegociaç­ão de dívida ou para atender as necessidad­es do próprio regime, como programas de demissão voluntária­s.

Em troca, os Estados prometem cumprir medidas de ajuste para retomar o equilíbrio finan- ceiro, como a elevação da contribuiç­ão previdenci­ária dos funcionári­os públicos, além da proibição de conceder reajustes aos servidores, criar cargos e realizar concursos públicos.

A mudança foi acatada pelo relator do projeto na Câmara, deputado Esperidião Amim (PP-SC), que destacou que o novo regime exige um plano aprovado pelas assembleia­s. Mas as contrapart­idas exigidas fizeram com que deputados da oposição não aceitassem votar. O argumento deles é que o plano interessa apenas a alguns Estados e que prejudica demais os servidores públicos.

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