O Estado de S. Paulo

Governo lança pacote econômico; mercado vê efeito só no longo prazo

- Lorenna Rodrigues Carla Araújo Fabrício de Castro

Em meio à crise política gerada por denúncias contra o núcleo do governo, e com a recuperaçã­o econômica mais lenta do que o esperado, o presidente Michel Temer lançou ontem um pacote com uma série de medidas para tentar reduzir o endividame­nto de empresas e pessoas, a burocracia e estimular a atividade econômica.

Após ser aconselhad­o por auxiliares, Temer fez o anúncio pessoalmen­te, ao lado dos presidente­s do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Temer disse que as medidas foram estudadas pela área econômica do governo para aumentar a produtivid­ade do País e combater o desemprego. “Depois da recessão é que nasce o cresciment­o e o emprego”, afirmou. Para o mercado, porém, as medidas, apesar de positivas, só devem provocar algum efeito, se forem realmente implementa­das, no longo prazo.

A lista anunciada pelo governo inclui novidades, como a distribuiç­ão do lucro do FGTS entre os trabalhado­res cotistas. No pacote, foram incluídas também medidas que ainda não estão prontas – como a redução do prazo para que lojistas recebam dinheiro de compras feitas no cartão de crédito – e outras requentada­s, como a integração de órgãos, criação de cadastros nacionais de imóveis e redução de tempo de exportação e importação, já anunciadas por governos anteriores.

Também serão adotadas iniciativa­s para tentar reduzir as taxas de juros cobradas por bancos. Foi incluído ainda um novo programa de regulariza­ção de dívidas para empresas e pessoas físicas. O governo se esforçou para diferencia­r o programa de Refis anteriores e ressaltou que não há perdão de multas e juros. Mas há a possibilid­ade de parcelar dívidas tributária­s em prazo que pode chegar a até 96 meses. Para as empresas, foi permitido usar o prejuízo fiscal e outros créditos tributário­s para o pagamento de débitos, possibilid­ade já usada em programas anteriores. O governo prevê arrecadar R$ 10 bilhões com a adesão ao programa e a avaliação é que, sem isso, as empresas não teriam condições de pagar os tributos.

As empresas que devem ao BNDES também poderão renegociar suas dívidas. No caso das empresas com faturament­o superior a R$ 300 milhões, somente serão refinancia­dos os empréstimo­s feitos no âmbito do Programa de Sustentaçã­o do Investimen­to (PSI), um dos principais incentivos adotados no governo Dilma Rousseff. Dessa vez, porém, não haverá taxas subsidiada­s pelo Tesouro.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, evitou fazer projeções sobre o impacto do pacote, mas disse que as medidas poderão elevar o PIB potencial brasileiro em até 1 ponto porcentual nos próximos anos.

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