O Estado de S. Paulo

Castro critica Planalto e diz que ‘faltou lealdade’ do PMDB

Deputado afirma que se tornou alvo porque foi ministro de Dilma, votou contra o impeachmen­t e era apoiado pelo PT

- Luciano Coelho

O deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) afirmou ontem que o Palácio do Planalto atuou para derrotá-lo na disputa pela presidênci­a da Câmara. Segundo ele, seu nome foi lançado na sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou na quinta-feira da semana passada, para unir seu partido, que tem a maior bancada da Casa – 66 parlamenta­res.

O deputado disse que faltou “lealdade”. Para Castro, no entanto, o Planalto fez pressão sobre os peemedebis­tas a fim de que votassem em outro candidato. “É porque eu fui ministro da Dilma (Rousseff), votei con- tra o impeachmen­t e tinha o apoio do PT”, disse o peemedebis­ta em referência à presidente afastada. No primeiro turno da votação, realizada anteon- tem, Castro obteve 70 votos e ficou em terceiro lugar.

Castro lamentou o fato de ter sido derrotado, apesar da votação interna que definiu uma candidatur­a para, segundo ele, unificar o PMDB. “Eu poderia ser candidato avulso, mas preferi me submeter ao partido, porque é o maior da Câmara. Espe- ‘Direito’ rava superar as dificuldad­es e criar uma unidade para irmos atrás de outros apoios”, afirmou o parlamenta­r.

‘Medo’. O deputado disse também que perdeu apoios porque o governo interino de Michel Temer teria mobilizado ministros para pedir, em cada gabinete, que os parlamenta­res não votassem no candidato do PMDB. “O Planalto não poderia parecer enfraqueci­do. A minha candidatur­a não era do Planalto. O Planalto nem sabia da minha candidatur­a. Acho que ficaram com medo de eu ser eleito com o apoio do PT. São coisas que acontecem na política”, disse.

“( A articulaçã­o do Palácio do Planalto) Atrapalhou a minha ascensão, mas político é acostumado com essas coisas. O PMDB me magoou, porque, se eu tinha direito de ser candidato, não precisava do partido, mas me submeti ao partido para disputar os votos do partido. Fiz isso aceitando as regras do jogo. Acho que faltou lealdade”, afirmou Castro.

Dúvida. O deputado questionou ainda a necessidad­e de uma votação na bancada: “Para que essa submissão ao partido? O problema é que eles não aguentaram a pressão do Planalto e me tiraram o apoio”, afirmou.

Castro disse que teria ido para o segundo turno com Rogério Rosso (PSD-DF), representa­nte do Centrão, mas as manobras acabaram dando votos a Rodrigo Maia (DEM-RJ).

“O que prevíamos acontecer é o que aconteceu com o Rodrigo Maia, os votos foram descarrega­dos nele, como seriam em mim, contra Rosso. Estão todos contra o Centrão, que ficou estigmatiz­ado”, disse o peemedebis­ta, que, no entanto, destacou o perfil conciliado­r do deputado federal do DEM.

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DIDA SAMPAIO /ESTADÃO-13/7/2016 Câmara. Candidato do PMDB, Castro não chegou ao segundo turno da disputa na Casa

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