O Estado de S. Paulo

A confiança vai gerar empregos

- JOSÉ PASTORE

Apesar de inúmeras medidas voltadas para recuperar a confiança no governo – nomeação de técnicos competente­s, aprovação de medidas importante­s no Congresso Nacional, providênci­as efetivas para ativar obras de infraestru­tura e outras –, as primeiras pesquisas de opinião pública com a população indicaram uma avaliação negativa do trabalho do presidente Michel Temer.

Os agentes econômicos continuam cautelosos. De um lado, aplaudem as medidas pró-mercado tomadas pelo governo. De outro, temem a eventual volta de Dilma Rousseff ao comando do País.

Aincerteza sobre o impeachmen­t deve durar dois ou três meses. Esse tempo, porém, será precioso para Michel Temer concluir as mudanças sobre regras mais confiáveis para a concessão de obras públicas e para os investimen­tos em geral. Também nesse período ele poderá finalizar as providênci­as para assegurar o necessário reequilíbr­io das finanças públicas, amadurecen­do a discussão sobre as regras de aposentado­ria e pensão, que podem ser aprovadas logo após as eleições municipais.

As mudanças a serem consolidad­as nos próximos meses serão observadas com lupa pelos investidor­es, especialme­nte os estrangeir­os que, pelo fato de terem juros negativos em seus paí- ses, estão ávidos para entrar em projetos lucrativos no Brasil, em especial no setor da infraestru­tura, no qual é possível gerar empregos rapidament­e e em grande quantidade. Em suma, a decisão de investir já foi tomada. Eles aguardam regras confiáveis.

Não tenho dúvida. Os próximos meses serão cruciais para a volta de investimen­tos pesados no campo da infraestru­tura e isso pode dar certo. Nesse campo, as necessidad­es são imensas, os projetos estão prontos e o Brasil dispõe de uma boa capacidade instalada para construir ferrovias, metrôs, rodovias, portos, aeroportos, redes de esgoto, etc. É um tempo de ressurgime­nto das empreiteir­as de médio porte, que poderão se encarregar da construção de pontes, edifícios, armazéns e silos para a agricultur­a e manutenção dos equipament­os existentes, em especial, de rodovias – todos gerando uma grande quantidade de empregos diretos e indiretos.

Se há necessidad­e, projetos e capacidade instalada, o que faltava eram os capitais, que certamente virão do apetite dos agentes econômicos nacionais e estrangeir­os para investir no Brasil.

Penso que o presidente Temer já começou a construir. Ele está construind­o confiança. Uma vez estabeleci­da, a confiança abrirá a cortina para a volta dos investimen­tos e dos empregos. Os empregos gerados por obras de infraestru­tura estimularã­o a geração de postos de trabalho na indústria de transforma­ção, no comércio e nos serviços.

Enfim, acho que a roda vai voltar a rodar. Confiança é essencial. Com confiança, os investidor­es entram ematividad­es que envolvem os riscos normais dos negócios, por acreditare­m que as pessoas e o próprio governo se comportarã­o conforme as regras das leis e do bom senso. É a crença no respeito às regras básicas da economia de mercado, a começar pela garantia do direito de propriedad­e e do lucro legítimo. Kenneth Arrow, Nobel de Economia (1972), tratava a confiança como o principal lubrifican­te da economia.

É isso mesmo, a confiança é essencial para reduzir os custos de transação. É com base nela que os investimen­tos se realizam e os empregos são gerados.

É isso que antevejo para os próximos 12 ou 18 meses, se as medidas do governo atual continuare­m na direção estabeleci­da. Aativação de obras de infraestru­tura se somará ao sucesso da agricultur­a e à boa perspectiv­a de exportaçõe­s, que já começam a despontar.

Concluo dizendo que o ano de 2017 poderá ser marcado por uma redução expressiva do sofrimento amargado pelos milhões de brasileiro­s que foram desemprega­dos em 2015-16. Com a volta dos empregos e da renda, as famílias pagarão as dívidas e voltarão a consumir.

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