Trump volta a atacar imigração islâmica
Magnata acusa rivais de colocar politicamente correto acima da segurança e promete banir imigrantes de países com histórico de terrorismo
O empresário Donald Trump, provável candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, prometeu ontem que, se vencer as eleições de novembro, suspenderá no país a imigração procedente de áreas com um histórico provado de terrorismo. Sua rival na eleição de novembro, a democrata Hillary Clinton, disse que essa posição é preconceituosa e ameaça a luta contra o terrorismo.
“Suspenderei a imigração de áreas do mundo onde há uma história provada de terrorismo”, afirmou Trump em discurso realizado em Manchester, no Estado de New Hampshire. O bi- lionário se referiu ao assunto ao comentar o massacre do fim de semana em uma boate gay de Orlando, na Flórida, cometido supostamente por um americano de origem afegã que dizia ser simpatizante do grupo jihadista Estado Islâmico e matou 49 pessoas. “Eles colocaram o politicamente correto acima do bom senso, acima da segurança de vocês e de todos nós”, acrescentou Trump. “Eu me recuso a ser politicamente correto.”
Trump, que prestou um minuto de silêncio em homenagem às vítimas e descreveu o massacre como “um momento muito obscuro da história (dos EUA)”, ressaltou que a legislação americana concede poderes ao presidente para aplicar essa medida.
“As leis de imigração dos EUA dão ao presidente poderes para suspender a entrada no país de qualquer tipo de pessoa”, afirmou o republicano, ao defender leis migratórias que “promovam os valores americanos”.
Trump declarou ainda que o atirador de Orlando conseguiu cometer o crime porque “foi permitido a sua família vir” aos Estados Unidos a partir do Afeganistão. Ele ressaltou que o pai do atirador apoiou o Taleban no Afeganistão.
O candidato republicano reiterou sua proposta, já apresentada em dezembro após outro ataque a tiros cometido por simpatizantes do EI – em San Bernardino, na Califórnia –, de proibir a entrada de muçulmanos nos EUA para combater a ameaça do terrorismo jihadista. Segundo Trump, a proibição só seria suspensa quando os EUA puderem apurar “perfeitamente” quem entra em seu território.
Corrida à Casa Branca
A candidata democrata Hillary Clinton alertou para os riscos da posição do rival sobre imigração na política antiterrorismo do governo americano. Em pronunciamento sobre o massacre, ela prometeu ampliar as operações contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria e intensificar medidas contra “lobos solitários”, atiradores que agem sozinhos em massacres como o de domingo.
“O que ocorreu em Orlando torna ainda mais claro que precisamos derrotar essa ameaça”, disse Hillary. A ex-secretária de Estado, que comandou a diplomacia americana entre 2009 e 2012, criticou países que financiam o terrorismo, muitos deles aliados dos Estados Unidos, co- mo Arábia Saudita e Catar.
Hillary também pediu a proibição da venda de armas como o fuzil AR-15 e defendeu a comunidade LGBT americana. “Um ataque a qualquer americano é um ataque a todos americanos”, disse ela. “Vocês têm milhões de aliados que lhes defenderão. Eu sou um deles.”
Ainda ontem, Trump anunciou que retirará as credenciais de campanha do Washington Post “com base em reportagens mal feitas e imprecisas”. Em resposta, o editor do Post, Martin Baron, disse que o republicano apenas quer que o jornal faça uma cobertura favorável a sua candidatura, numa amostra de que ele repudia os fundamentos da imprensa livre.