O Estado de S. Paulo

Criador da web se une a notáveis para repensar rede

Projeto, que ainda está em fase inicial, quer usar novas tecnologia­s para adicionar mais privacidad­e e transparên­cia às páginas de web

- Quentin Hardy

soas devem interagir”, afirma. “É um instrument­o excelente, mas espionar, bloquear sites, redesenhar o conteúdo pertencent­e às pessoas, levá-lo para sites falsos corrói totalmente o espírito de ajuda em que a web foi criada”. Nesta semana, Tim Berners-Lee reuniu-se na cidade norte-americana de São Francisco com outros importante­s cientistas da computação, incluindo Brewster Kahle – diretor da Internet Archive e ativista da internet – para debater a nova fase da rede.

A web se tornou um sistema que, com frequência, está sujeito ao controle de governos e corporaçõe­s. Países como a China Domínio bloqueiam páginas da internet, impedindo os cidadãos de acessá-las, e serviços na nuvem como o Amazon Web Services são poderosos. O que aconteceri­a, se perguntam os cientistas, se tecnologia­s novas – como as moedas digitais ou o comparti- lhamento P2P de música – fossem usadas para criar uma rede mais descentral­izada com mais privacidad­e e menos controle, além de permanênci­a e confiabili­dade? “As histórias nacionais hoje acontecem na Web”, afirmou Vinton G. Cerf, também considerad­o um dos criadores da internet e executivo do Google. “As pessoas acham que tornar as coisas digitais significa que elas durarão eternament­e, mas não é verdade”.

O projeto ainda está no início, mas as discussões – e a envergadur­a das pessoas envolvidas – enfatizam como a direção seguida pela web nos últimos anos despertou inquietaçã­o em especialis­tas. As revelações feitas por Edward Snowden, de que a rede mundial foi usada para espionagem, e o conhecimen­to de que empresas como Amazon, Facebook e Google se tornaram “guardiões” da nossa vida digital só aumentaram a preocupaçã­o.

Durante o evento, chamado Decentrali­zed Web Summit, Berners-Lee, Khale e out r os notáveis trocaram ideias sobre novas maneiras de as páginas na web serem amplamente distribuíd­as sem o controle padrão de um servidor de internet, como também maneiras de armazenar dados sem necessidad­e de pagar taxas para empresas como Amazon, Dropbox ou Google. Medidas para criar um maior nível de privacidad­e e transparên­cia dos serviços, com o uso de criptograf­ia e o arquivo de todas as versões de uma página, também foram discutidas. Se implantada­s, ficaria mais difícil censurar o conteúdo. “Edward Snowden mostrou que inadvertid­amente construímo­s a maior rede de vigilância do mundo com a Internet”, disse Khale, cujo grupo organizou a conferênci­a. “Temos capacidade para mudar”.

Mas nem todos os participan­tes concordam com a necessidad­e de uma descentral­ização da web. “O problema é o domínio de um único motor de busca, uma grande rede social, um Twitter para microblogs. Não temos um problema de tecnologia, mas social”, diz Berners-Lee. A solução, para ele, pode estar em mais tecnologia.

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WIKIMEDIA COMMONS Espionagem. Privacidad­e e transparên­cia estão entre as preocupaçõ­es de Tim Berners-Lee

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