Dilma admite plebiscito caso Senado não aprove impeachment
A afirmação da petista foi dada em entrevista à TV Brasil; EBC diz que também convidou Temer para futura participação
Em entrevista veiculada ontem à noite pela TV Brasil, a presidente afastada Dilma Rousseff admitiu uma “consulta popular” caso o Senado não aprove o impeachment e ela reassuma a Presidência da República. “Que se recorra à população para ela dizer... pode ser um plebiscito, eu não vou dar o menu total, mas essa é uma coisa que está sendo muito discutida”, afirmou Dilma, sem explicar a que se referia. Muitos políticos, inclusive da base de apoio da petista, defendem que, caso ela volte ao cargo, convoque novas eleições presidenciais. Dilma nunca havia se manifestado sobre essa hipótese.
A entrevista, gravada, durou uma hora e foi feita pelo jornalista Luis Nassif. Quando ele perguntou como imagina o dia seguinte, caso o Senado não aprove o impeachment, ela afirmou: “Rompeu-se um pacto, que vinha desde a Constituição de 1988, e tem que remontar esse pacto. Eu não acredito que se remontará esse pacto dentro de gabinete. A população terá que ser consultada”.
Ao criticar o governo do presidente em exercício Michel Temer, Dilma também se referiu a uma consulta ao povo. “A consulta popular é o único meio de lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer.”
Dilma afirmou que Temer é manipulado pelo presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “O governo Temer é a síntese do que pensa Eduardo Cunha, o governo Temer expressa claramente a pauta do Eduardo Cunha”. A petista mais uma vez negou ter cometido crime de responsabilidade: “Não tem base jurídica. No Plano Safra, eu não assinei uma vírgula, e um dos executores é hoje ministro do Planejamento”, afirmou, referindo- se a Dyogo Henrique Oliveira, que substituiu Romero Jucá.
Ao anunciar a entrevista com Dilma, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que pertence ao governo federal e controla a TV Brasil, destacou que também pediu entrevistas, no mesmo formato, ao presidente em exercício Michel Temer, ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski.
Carta. Dilma prepara carta de compromissos para o “novo governo” caso consiga reverter o processo de impeachment no Senado. O documento será entregue às frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular e vai indicar a intenção de uma guinada à esquerda. Hoje, as duas frentes promovem atos contra Temer em 40 cidades do País e em outras 16 dos EUA e Europa. Omaior deles está marcado para a Avenida Paulista, em São Paulo. A presidente afastada incluiu o ato em sua agenda, mas sua participação vai depender das condições de segurança.