O Estado de S. Paulo

Nocentrodo tiroteio

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obrigar a colocar mulheres em todas as atividades relevantes” da pasta. “Estamos buscando gente competente, apenas”.

A nomeação de Calero não diminuiu as reações negativas à extinção do ministério da Cultura. A produtora Paula Lavigne, presidente da Associação Procure Saber (que abriga interesses de Caetano Veloso, seu marido, Gilberto Gil, Chico Buarque, Milton Nascimento e Djavan, entre outros), responde que nada tem contra Marcelo Calero, mas que a luta segue. “Não reconhecem­os esta secretaria. Não tenho nada contra o novo secretário, mas a questão é que queremos a volta do MinC. Vamos ficar aqui na ocupação do Rio fazendo show todos os dias”, disse ela, sobre as ações promovi- das no Palácio Gustavo Capanema, no Centro do Rio. Estão programado­s para as 18 horas desta sexta, 20, shows-manifesto de Caetano Veloso e Erasmo Carlos.

O empresário de Roberto Carlos, Dody Sirena, vai na direção oposta. “As grandes potências do mundo, como França e Espanha, não contam com ministério­s da Cultura. Aqui fica essa gritaria toda, é desnecessá­rio. Não precisa ter ministério, mas uma consciênci­a de governo para políticas culturais. Eu estou com a população que está consciente de que é preciso fazer reajustes e cortes para o País crescer”.

As redes sociais seguem em debates acalorados, criando um dos maiores rachas que o setor artístico já vivenciou. O escritor Fernando Morais diz ao Estado: “Estou pouco interessad­o em quem será secretário ou ministro da Cultura. Estou interessad­o apenas no retorno ao estado de direito e no respeito às eleições de 2014”.

Já Carlos Alberto Gouvêa Chateaubri­and, presidente do Museu de Arte Moderna do Rio, mostrou-se otimista: “Acho que foi uma escolha muito boa. O Marcelo Calero tem um lado gerencial muito bom e, ao mesmo tempo, é muito envolvido com todas as áreas da Cultura, um entusiasta. É ótimo que seja uma pessoa jovem, uma cabeça nova e aberta. O Calero faz parte do Conselho da Cinemateca, é uma pessoa participat­iva no Rio, frequentad­ora do meio, e também que realiza coisas, dialoga com todo mundo”.

Em áudio divulgado pela Secretaria de Imprensa da Presidênci­a da República, o presidente em exercício Michel Temer prometeu aumentar os gastos com Cultura em 2017. “Não fizemos isso para reduzir a atividade cultural no Brasil. Ao contrário. Haverá uma potenciali­zação da cultura brasileira por várias razões. A primeira delas é que há um débito na Cultura em torno de R$ 230, R$ 220 milhões. Eu acabei de falar com o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) para pagarmos esses débitos. E o outro é que, no ano que vem, vamos aumentar o valor destinado à Cultura, tamanha a importânci­a desse setor”, disse Temer.

Ser ou não ministério não é o mais importante, na fala do presidente em exercício. “Não é o fato de ser ministério ou não ser ministério o que reduz a atividade da cultura no País. A exigência da diminuição foi fruto de uma pressão muito grande da sociedade, mas volto a dizer que a Cultura será prestigiad­a.”

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Dupla. Mendonça Filho e Calero, seu subordinad­o

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