Jogo com início eletrizante leva São Paulo à semi
Em 15 minutos, time sai perdendo por 2 a 0, faz um e garante única vaga de brasileiro pelo critério do gol qualificado
Após um início de jogo eletrizante, com três gols em menos de 15 minutos, o São Paulo deu uma aula de tranquilidade para controlar o Atlético-MG, quebrar a pressão no Independência e chegar à semifinal da Libertadores. A derrota por 2 a 1 garantiu a vaga graças ao gol marcado no campo adversário e representou também a superação do tabu contra brasileiros na competição, após sete reveses seguidos, e a vitória do elenco sobre as desconfianças.
O torcedor precisou esperar cinco minutos de acréscimos e alguns sustos, como o do último lance da partida, quando uma falta boba cometida por Bruno deu a chance ao Atlético de empatar. Mas a bola chutada por Pratt0 foi sem direção e o São Paulo está na semifinal após seis anos.
O herói da classificação foi Maicon, autor do gol e fundamental nos desarmes. A classificação aumenta a chance do clube de prolongar o empréstimo do zagueiro para além de 30 de junho, data do término do atual contrato. A atuação decisiva do defensor se deu em condições especiais. Revelado pelo Cruzeiro, estreou como profissional justamente em um clássico em 2007 contra o Atlético-MG. Na estadia em Belo Horizonte, teve a companhia de familiares.
A maior qualidade do São Pau- lo foi a maturidade. O time não se mostrou inseguro com a pressão nem nervoso quando esteve acuado. Parece mais calejado para as decisões, com espírito brigador e oposto ao do ano passado, quando foi goleado pelos rivais paulistas em clássicos.
Os dois sobreviventes brasileiros na Copa Libertadores fizeram o jogo mais emocionante do futebol nacional até aqui neste ano. Nos 15 primeiros minutos a partida tinha mudado três vezes de panorama. Aos 6 minutos, o Atlético-MG marcou com Cazares, o que levava a decisão para os pênaltis. Depois, com 11, Carlos ampliava e fazia a equipe da casa avançar. Aos 14, porém, Maicon completava de cabeça e recolocava o São Paulo na fase seguinte.
As equipes fizeram jogo muito superior à guerra de faltas, cotoveladas, polêmicas e quase sem emoção do Morumbi.
Somente o começo da partida foi capaz de unir os mais de 20 mil atleticanos aos cerca de 1,8 mil são-paulinos espremidos no setor superior do Independência. Com os olhos arregalados, todos compartilhavam o sentimento de angústia, pois quem perdesse um mínimo detalhe não veria lances decisivos para o confronto.
O primeiro tempo não se resumiu aos três gols em 14 minutos. O Atlético-MG ainda reclamou de um pênalti em Leonardo Silva e acertou a trave com Lucas Pratto. Aliás, bola alta na defesa do São Paulo era certeza de lance de perigo.
O time visitante chegou perto no gol no último lance do primeiro tempo. Rodrigo Caio também acertou a trave, no único momento em que os atleticanos fizeram silêncio no estádio.
O Atlético-MG voltou ao intervalo acolhido pela torcida com o grito de “eu, acredito!”, espécie de mantra entoado desde a conquista da Libertadores de 2013. O coro motivou a equipe a tentar aumentar a pressão e insistir nos lances aéreos. O São Paulo teve o mérito de neutralizar e não repetir o fracasso defensivo do começo de jogo.
O passar do tempo fez o ambiente inverter a pressão. Era a vez do Atlético-MG sentir a ansiedade pelo gol salvador. O time passou 15 minutos sem chutar a gol. O São Paulo tentava ter frieza, avançando com calma, com cada palmo estudado. Calleri foi importante para segurar a bola e fazer a equipe merecer um grito inusitado da sua torcida: “Time de guerreiros”.