O Estado de S. Paulo

Gol tem ganhos após 19 trimestres de perdas

Queda do dólar ajudou empresa a registrar lucro líquido de R$ 757 milhões no primeiro trimestre

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Depois de 19 trimestres consecutiv­os de prejuízo líquido, a Gol divulgou ontem um lucro líquido de R$ 757 milhões no primeiro trimestre de 2016. A empresa também conseguiu voltar a ter lucro operaciona­l, de R$ 437,2 milhões, alta de 184,2% em relação ao resultado do mesmo período de 2015 e uma reversão em relação ao prejuízo operaciona­l registrado nos três meses anteriores.

O desempenho da Gol foi positivame­nte impactado pela queda de 9% na cotação do dólar no período. Isso aliviou o custo da companhia aérea, que tem seus principais insumos cotados na moeda americana, como combustíve­l, e também reduziu seu endividame­nto, já que parte das suas dívidas é em dólar. Além da variação cambial, o resultado da Gol também refletiu um aumento do preço das passagens de cerca de 17% no primeiro trimestre (consideran­do o valor pago por quilômetro voado), frente ao mesmo período do ano passado.

O resultado ficou acima das expectativ­as dos analistas de mercado e provocou uma alta de 11,07% na ação da Gol ontem. “A Gol registrou resultados melhores que o esperado no primeiro trimestre de 2016, indicando os benefícios do programa de corte de custos da companhia e da sua estratégia de racionaliz­ação de capacidade”, afirmaram os analistas do banco JPMorgan, em relatório. Para os analistas do Morgan Stanley, a empresa divulgou uma indicador de preço (yield) acima do esperado, reflexo da sua redução de oferta. O Morgan Stanley elevou ontem o preço-alvo da ação.

Reestrutur­ação. Apesar do bom resultado trimestral, a Gol enfrenta um momento difícil e atua em diferentes frentes para reduzir a queima de caixa e sua alavancage­m financeira. Dentre as iniciativa­s em curso, estão a oferta de troca de título de dívidas emitidos no exterior e negociaçõe­s com debenturis­tas. A Gol também está cortando voos e reduzindo sua frota.

O presidente da Gol, Paulo Kakinoff, afirmou, em teleconfer­ência, que o segundo trimestre, período de baixa temporada, será desafiador. Segundo ele, a companhia está “totalmente comprometi­da” em entregar todas as iniciativa­s propostas para melhorar sua liquidez. “Mas não podemos perder nada, ou estaremos expostos a uma situação muito arriscada.”

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