Guerrae educação
Banda Kaiser Chiefs volta a São Paulo para mostrar o retorno à boa forma
Era 2005 quando a voz de Ricky Wilson dizia, ansiosa ao microfone, que ele previa uma revolta. Uma revolução que estava estampada no rosto dos ingleses, os níveis de tensão crescendo, até a explosão. Seis anos depois, a previsão se mostrou certeira. Entre os dias 6 e 11 de agosto de 2011, Londres e outras cidades inglesas se incendiaram em pequenas revoltas populares diante de repressão e violência da força policial. “Um amigo de um amigo apanhou um dia desses / Ele olhou da forma errada para um oficial”, canta o músico inglês, em I Predict a Riot, faixa que chegou ao nono lugar das paradas britânicas naquele ano.
Não que o Kaiser Chiefs, banda liderada por Wilson, seja necessariamente fundamentada em apontar as tensões sociais. Wilson, contudo, é um bom cronista do cotidiano. Vê, no mundo urbano, a dureza da realidade, a beleza dos sonhos, e os coloca em canções tipicamente atemporais. Por isso, invariavelmente, qualquer semelhança entre seus versos de 2007 com o que se vê nas ruas paulistanas nos últimos tempos não é coincidência. São retratos de metrópoles e seus cidadão descontentes, de uma forma ou de outra.
Pouco mais de dez anos se passaram desde que o Kaiser Chiefs “previu” as revoltas no seu disco de estreia, ironicamente intitulado de Employment, palavra que, em tradução livre para português, pode significar “emprego” ou “relação empregatícia”, uma crítica social de antes e ainda atual. E o grupo viveu altos e baixos. Despontou como uma das grandes revelações da onda de bandas de rock britânico de garagem do início dos anos 2000, encarou duros anos nos quais seus discos pouco reverberaram, viram o baterista Nick Hodgson deixar o grupo, até lançarem o bem-sucedido Education, Education, Education & War (2014), que revigorou o Kaiser Chiefs e levou a banda de volta aos holofotes.
É essa versão da banda que São Paulo terá, novamente, sobre um palco. Um grupo cheio de energia, tal qual a primeira passagem da trupe por aqui, como atração principal do já finado festival Planeta Terra, em 2008. Desta vez, Wilson e companhia foram escalados para encerrar todas as atividades do sempre divertido Festival Cultura Inglesa, que comemora 20 anos de existência em 2016. O evento será realizado entre os dias 26 de maio a 12 de junho. No 18.º e último dia de festival, 12 de junho, um domingo, o grupo se apresentará no Memorial da América Latina. Todas as atrações do Cultura Inglesa, que abraça música, cinema, arte e dança ( leia mais abaixo), são gratuitas.
As últimas passagem do Chiefs por aqui não foram de todo ruim, mas ficaram bem aquém daquilo que a banda pode fazer e mostrar. Em 2013, com a promessa de um novo disco por vir ( Education, Education, Education & War chegaria no ano seguinte), eles foram es- calados para se apresentar debaixo de um sol inclemente no festival Lollapalooza, em São Paulo. Em janeiro de 2014, a banda nascida em Leeds, na Inglaterra, foi chamada para ser a atração de abertura da passagem do gigantesco Foo Fighters por aqui. Passaram por Porto Alegre, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Eram shows curtos. Quando Wilson e o resto começavam a suar, o tempo de palco deles já havia chegado ao fim.
“Mesmo assim, foi ótimo”, conta Simon Rix, baixista do grupo desde a fundação, em 2000, diretamente de Leeds, onde ainda mora. “Já tocamos em São Paulo em outras ocasiões e é sempre um ótimo show. É sempre uma ótima oportunidade se apresentar em estádios, como aqueles que passamos com o Foo Fighters. Foram dias muito interessantes para a gente.”
Ser uma banda de abertura não é uma novidade para o Chiefs, que, por exemplo, já fez o aquecimento do público para