O Estado de S. Paulo

Déficit federal em 2017 pode ir a R$ 120 bi

- Rachel Gamarski Eduardo Rodrigues /

O déficit do governo federal em 2017 pode ser ainda maior do que o apresentad­o pelos ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e do Planejamen­to, Valdir Simão, na última sexta-feira.

Como o governo aposta em dois fatores incertos para incrementa­r a arrecadaçã­o – o corte no orçamento do Programa de Aceleração do Cresciment­o (PAC) e a recriação da CPMF –, o déficit fiscal no próximo ano pode crescer R$ 54,688 bilhões e chegar a R$ 119,688 bilhões, maior do que o rombo previsto para este ano pelo próprio governo, que é de até R$ 96,6 bilhões.

Segundo dados do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentár­ias (PLDO) enviado ao Congresso, além do abatimento de R$ 65 bilhões previstos com o PAC, o governo espera arrecadar R$ 33,240 bilhões com a CPMF – imposto que sequer foi aprovado pelo Legislativ­o – e R$ 21,448 bilhões com receitas decorrente­s do cresciment­o real da atividade econômica no ano que vem.

A Fazenda previu a expansão de 1% da economia em 2017. No boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central os analistas do mercado financeiro preveem cresciment­o de apenas 0,20%.

Cenário pior. O resultado de 2016 conta com arrecadaçã­o de R$ 13 bilhões da CPMF a partir do segundo semestre, o que dificilmen­te ocorrerá. O próprio governo fala no condiciona­l sobre a arrecadaçã­o.

Afirma no projeto que a arrecadaçã­o só acontecerá “caso a PEC seja aprovada pelo Congresso”. A equipe econômica, porém, não colocou a possibilid­ade de abatimento nas receitas do próximo ano.

O cenário pode ficar ainda pior caso ocorra o alongament­o das dívidas estaduais, já que a equipe econômica não incluiu o impacto da renegociaç­ão, em andamento atualmente, da dívida dos Estados no déficit previsto para o ano que vem.

O governo ainda contabiliz­a que os entes da federação realizarão um superávit primário de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017.

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