O que os brasileiros podem e o que não podem esperar de Portugal
A ex-executiva Patrícia Lemos, 52, mudou-se do Rio para Portugal há cinco anos, onde abriu uma empresa focada em serviços imobiliários e de realocação para quem também deseja fazer a travessia de forma planejada.
Segundo a empresária, não há país na Europa que entrega para o brasileiro o mesmo que Portugal: comodidade da língua e sol. “É o melhor lugar para recomeçar fora do Brasil, pois é o mais próximo do Brasil que temos”.
Nestes anos de empresa, ela entendeu que o brasileiro busca em Portugal um país limpo e seguro.
Com a sua empresa ‘Vou mudar para Portugal’, Patrícia alerta sobre os erros mais comuns cometidos pelos brasileiros:
— Contar que terá fontes de renda extra em Portugal. “Não é o país do ‘se vira’. Não existe comércio informal, vendedores ambulantes, revendedores de roupas ou barracas em praia, por exemplo. Os brasileiros não podem se mudar achando que darão um ‘jeitinho’ para se sustentar, pois isso não acontecerá. No Brasil, estamos acostumados a fazer brigadeiro, bolo para vender na rua, mas os portugueses não compram e ainda são capazes de denunciar”, diz Patrícia.
Quando vão à praia, os moradores de Portugal levam sem cerimônia o seu próprio isopor com comidas e bebidas, uma vez que não tem vendedores ambulantes nas areias. Este é um hábito unânime no país, praticado até por estrangeiros. E no fim do dia a praia está limpa, pois todos retiram o seu lixo.
O único petisco liberado para ser vendido nas areias é a ‘bola de Berlim’, que lembra o doce sonho, das padarias do Brasil. Fora isso, alimentos e bebidas são encontrados apenas em restaurantes na orla. “E mesmo que tivessem ambulantes, eles não comprariam. Na Europa, a relação com dinheiro é diferente. Ele é usado apenas quando estritamente necessário”.
— Achar que, ao chegarem em Portugal, aceitarão qualquer emprego:
“A pessoa tem que ir preparada, pois quem tem uma formação educacional e acaba trabalhando em outra área costuma ficar extremamente frustrado e não dá conta emocionalmente”.
— Pensar que poderá comprar a crédito.
Para fazer cartão de crédito precisa ter conta e o NIF, que é o número de identificação fiscal. “Mas os limites aqui são muito baixos. Para ter uma ideia, quando cheguei aqui, fiz o cartão de crédito do supermercado, meu limite era 200 euros. Fui solicitar aumento apresentando meu IR e não obtive, porque não tinha como comprovar crédito em Portugal, ou seja, não tinha vínculo empregatício aqui, por mais que tivesse um excelente patrimônio no Brasil”, explica Patrícia.