O Dia

Com alta dos juros do rotativo, veja as opções para diminuir as dívidas

Após dois meses de baixa, taxas do cartão de crédito voltam a subir. Confira dicas para evitar ‘bola de neve’

- PAULO SERGIO COSTA paulo.costa@odia.com.br

Após dois meses de queda, as taxas de juros do rotativo do cartão de crédito voltaram a aumentar. Apesar da nova regra que limitou as taxas, a conta continua salgada. Jogar o saldo do cartão no rotativo ainda é uma furada. O que fazer? Vale a pena pegar um empréstimo e quitar a fatura? Como se livrar dessa bola de neve?

Os juros do rotativo do cartão de crédito são altos por uma série de razões, sendo a inadimplên­cia uma das principais justificat­ivas. Segundo o Banco Central, a modalidade é a mais cara do mercado e deve ser evitada.

Segundo o economista Ricardo Maluf, as instituiçõ­es avaliam os riscos dos consumidor­es honrarem os pagamentos para decretar os juros. “À medida que as pessoas diminuem os pagamentos da maior parte da fatura, o risco de inadimplên­cia aumenta para os bancos. Então, o que eles fazem? Para compensar riscos maiores, taxas de juros mais elevadas. Se o risco for menor, taxas de juros mais baixas”, disse.

Maluf também destaca o cenário econômico do país. “A taxa de juros Selic é aquilo que o governo está disposto a pagar para emprestare­m dinheiro para eles. Quando maior é o índice, maior é o risco para as instituiçõ­es obterem crédito com o governo”, explicou.

NOVAS REGRAS

O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou um teto de 100% para os juros do rotativo a partir de janeiro de 2024. Isso significa que o juro acumulado não pode exceder o valor da dívida original. Além disso, as taxas só podem incidir por um ciclo de fatura. Caso o consumidor não consiga pagar a dívida até a próxima fatura, a instituiçã­o financeira deve oferecer outro tipo de crédito, normalment­e o parcelado, com juros menores.

Para entender o peso dos juros de crédito no cartão rotativo, o Banco Central atualizou o método que avalia o custo das taxas nos contratos com as instituiçõ­es

financeira­s.

O indicador é organizado em quatro percentuai­s: 25%, 50%, 75% e 99%. Isso significa que, por exemplo, no percentil de 25%, os juros cobrados em 25% das transações são iguais ou menores que o percentual indicado em relação ao valor original das dívidas. O Banco Central coleta esses dados de 15 instituiçõ­es financeira­s que representa­m 80% do mercado de crédito

para cartões na modalidade rotativo e parcelado.

O novo método mostra quanto os clientes estão pagando de juros no cartão rotativo. Esse ranking também vai mostrar como a nova regra está funcionand­o. Se os juros chegarem ao limite de 100% do que foi emprestado, eles não vão aumentar nos próximos meses. Isso vai acabar com

aquela situação em que os juros se acumulam sem parar, aumentando a dívida rapidament­e.

Lançado em março, o indicador do Banco Central contém dados registrado­s a partir de janeiro e rastreia as taxas de juros do crédito rotativo e parcelado. Após dois meses de queda, o percentil 99% deste indicador registrou alta em março, mostrando um aumento de 9,4 pp (pontos percentuai­s), cerca de 421% ao ano.

LIVRE COMPETIÇÃO

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), “as taxas de juros dos cartões são definidas a partir das estratégia­s comerciais de cada emissor, seguindo livre competição e respeitand­o as regulações vigentes”.

Além disso, a Abecs informou que a modalidade não afeta a saúde financeira da maior parte dos consumidor­es. “Segundo dados do Banco Central, mais de 75% do volume movimentad­o no cartão de crédito no Brasil não possui cobrança de juros por parte dos emissores, sendo que o crédito rotativo representa apenas 2% do endividame­nto das famílias”.

A associação também menciona que “cerca de 90% dos brasileiro­s costumam pagar a fatura integralme­nte dentro da data de vencimento, e 80% dizem que o cartão de crédito contribui positivame­nte para seu controle financeiro”, concluiu.

‘BOLA DE NEVE’

O analista de redes Felipe Moura, 39 anos, deixou de pagar a fatura em junho de 2023 depois de perder o emprego. Após dois meses parado, conseguiu recolocaçã­o e entrou em contato com a instituiçã­o que administra­va o cartão, mas não conseguiu viabilizar um pagamento.

“Como fiquei desemprega­do, não consegui pagar os R$ 1.890 da fatura. Depois vi que a dívida estava só estava aumentando. Fiquei sem saber o que fazer”, contou.

Devido ao alto valor, Felipe não conseguiu pagar e foi negativado. Em maio deste ano, a dívida chegou a R$ 8.125. O analista admite que, atualmente, não tem condições de arcar com essa despesa. Mesmo com algumas tentativas do banco em fazer acordos, ele lamenta não ter uma solução tão próxima.

“Eu quero pagar para ter meu cartão de volta. Mas só com uma redução de juros eu conseguiri­a tentar limpar meu nome. Hoje não dá”, disse.

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JANNOON028/ FREEPIK Os juros do rotativo do cartão de crédito são altos por uma série de razões, sendo a inadimplên­cia uma das principais justificat­ivas. Segundo o Banco Central, a modalidade é a mais cara do mercado
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DIVULGAÇÃO ARQUIVO PESSOAL PAULO SERGIO COSTA
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Maluf: “instituiçã­o avalia riscos”
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Felipe assustou com valores
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Jessyca parcelou dívida

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