Jovem foi morto enquanto esperava para receber cesta básica na Cidade de Deus
Versão da mãe versus polícia
Uma guerra de versões joga um véu de dúvidas sobre a operação conjunta das polícias Civil e Militar, que resultou no assassinato de João Vitor Gomes da Rocha, na Cidade de Deus, na noite desta quarta-feira. Segundo a investigação, o rapaz faria parte de uma quadrilha especializada em sequestro-relâmpago. Mas a mãe de João Vitor nega tudo.
O rapaz faria 19 anos no próximo dia 6 e morreu baleado durante a operação, que aconteceu na localidade conhecida como Pantanal. Na ocasião, voluntários do Movimento Frente CDD distribuíam 200 cestas básicas para moradores da comunidade.
“Ele estava na casa do pai, quando soube da distribuição das cestas e foi retirar senha para pegar uma, quando teve a operação”, conta a mãe, que é diarista e preferiu não se identificar. “Tá todo mundo falando que os policiais já chegaram atirando”.
Após ser baleado, João Vitor chegou a ser socorrido por agentes no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra, mas não resistiu. O enterro será hoje, no Cemitério de Inhaúma.
MANDADOS DE PRISÃO
A ação policial na região foi realizada entre a 41ª DP (Tanque) e o 18º BPM (Jacarepaguá). Os policiais estavam com mandados de prisão contra suspeitos de fazerem parte da quadrilha de sequestros-relâmpagos.
De acordo com o delegado Gustavo Rodrigues, titular da 41ª DP, João Vitor participou do roubo de um Honda HR-V cinza em julho do ano passado, na Barra. Uma perícia feita na época do crime encontrou digitais dele no veículo, Segundo, ainda, a polícia, João Vitor teria sido encontrado baleado, com uma pistola Glock G17 calibre .9mm.
“Tudo isso eu vou investigar”, garante a mãe, dizendo que João Vitor já trabalhou em um lava-jato. Segundo ela, a polícia abordou a família ainda no hospital falando em arma: “Eu disse na hora que meu filho não tinha pistola nenhuma e avisei: ‘É a sua palavra contra a minha’”, relembra.