TIROS E MORTE NA TIJUCA
O Garçom Samuel Ferreira Coelho, 24 anos, foi morto durante intenso tiroteio, na noite de sábado, na Rua Conde de Bonfim. Confronto aconteceu após abordagem de PMs a carro com criminosos da Rocinha, que iriam para o Morro da Formiga.
Oque deveria ser um fim de noite de sábado tranquilo para moradores da Tijuca e frequentadores do bloco “Não Muda Nem Sai de Cima”, terminou em intenso tiroteio e uma morte na principal rua do bairro. Bandidos que saíram da Rocinha e seguiam num ‘bonde’ para ‘encontro’ com traficantes do Morro da Formiga foram interceptados por PMs e houve confronto. O garçom Samuel Coelho, 24, do Bar do Pinto, na Conde de Bonfim, foi atingido no peito por um disparo de fuzil e morreu na hora. Dois policiais e uma idosa foram baleados.
O tiroteio começou quando bandidos em um Honda Civic foram interceptados na Rua Maria Amália. O 6º BPM (Tijuca) teria conhecimento que eles seguiriam para o morro da Formiga. Apenas dois policiais foram destacados para o local. O que os PMs não esperavam era que outros dois veículos — um Jeep Cherokee e uma Mercedes — também vinham no bonde. Após parada frustrada, os homens com fuzis e pistolas abriram fogo. Por quase um quilômetro houve intensa troca de tiros.
Assim que os criminosos acessaram a Conde de Bonfim, Samuel, que servia clientes, foi atingido. No trajeto era possível ver paredes de prédios e lojas perfuradas por tiros. Em um apartamento da Rua Dr. Otávio Kelly havia mais de 15 marcas de tiros. No terceiro andar, uma bala acertou a janela do quatro de um casal.
“Eu assistia o bloco quando começou um barulho. Pensamos que fossem fogos. Quando saí do quarto um tiro acertou a janela. Me joguei no chão com a minha esposa”, lembrou o aposentado Geovani Garcia, 69, que há um ano mora no prédio. O idoso escolheu a Tijuca após deixar Angra dos Reis, por conta da violência. Entretanto, ele não esperava que vivenciar uma situação de risco.
Quando os policiais chegaram perto da Rua Palmira Gonçalves Maia, o motorista do Honda perdeu o controle e bateu em um muro. Os bandidos que vinham atrás atiraram. Na rua Alves de Brito, uma outra rajada foi disparada contra a viatura policial que ficou encurralada entre dois carros. O soldado Estelen foi alvejado na perna e no ombro e o sargento Euder ferido por estilhaços. Uma idosa, que estava em um Uber, foi baleada no braço.
O tiroteio acabou em frente a padaria Modelo onde José Reginaldo Rufino, 36, trabalha. O balconista contou que ajudou a socorrer uma das vítimas. “Peguei a mulher e trouxe aqui para a padaria. Ela sangrava muito no braço”, contou.
Os bandidos fugiram na contra-mão da rua Alves de Brito e abandonaram os carros na Rua 18 de Outubro, na entrada do Morro da Formiga. Os três feridos foram levados para os hospitais Central da PM, no Estácio, e do Andaraí, respectivamente. Até o fechamento da edição as unidades não haviam informado os estados de saúde das vítimas.
A DH da Barra fez perícia no local e investiga o caso. O DIA questionou a PM se o comando do 6º BPM tinha informações de que o bando passaria. O porta-voz major Ivan Blaz se limitou a dizer que “essa informação não existia”. Segundo ele, “os policiais estavam na região fazendo patrulhamento ordinário dos blocos”. Mas, nota da enviada pela PM informava que policiais do 6º BPM perseguiram um carro e que cerco foi montado para tentar pegar os criminosos.
“Deixei Angra dos Reis por conta da violência e ontem quase morri com a minha esposa aqui na Tijuca. Estamos sitiados no Rio”. GEOVANI GARCIA, 69, aposentado