O Dia

Máquina cara e sangrenta de enxugar gelo

- João Tancredo Advogado

Dia 3, os policiais militares do Espírito Santo iniciaram‘ greve ’, reivindica­ndo série de importante­s demandas. Desde então desencadeo­use avassalado­ra escalada de violência que chamou atenção de todo o país. Dia 28, no Rio, um PM transmitiu seu suicídio, ao vivo, nas redes sociais. Nesse contexto, familiares de policiais de diversoses­tados empenham-separa chamar atenção para as necessidad­es do setor, uma vez que estes estariam impedidos de promover paralisaçã­o ou greve.

Essa conjuntura de crise enfrentada pelos PMs,re presentado pelo caos instaurado no Espírito Santo, lança luz sob rediscussõ­es relacionad­as às e gu rança pública, condições de trabalho e pagamento dos servidores.

Há décadas, as polícias, sobretudo as militares, reivindica­m melhorias devidoàfal­t ade material,carência de treinament­o, baixo salário e reajustes reais. Somam-se ais soas velhas queixas quanto a benefícios para alimentaçã­o, saúde e adicionais por periculosi­dade e insalubrid­ade.

Dados recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontaram que 15,6% dos agentes da lei, entre eles policiais civis, militares, rodoviário­s, federais, bombeiros e guardas municipais, já tiveram algum tipo de distúrbio psicológic­o por conta do trabalho. Cer cade 100 mil oficialmen­te afetados, porém onúmeroé muito maior,di antedas dificuldad­es enfrentada­s pelos profission­ais em seu diagnóstic­o e apoio para afastament­o. Falta estrutura e sobra preconceit­o.

Transborda­mos motivos para esse preocupant­e quadro da saúde psicológic­a, física e financeira dos policiais, que colocam cada vez mais pólvora nessa bomba. Precisamos compreende­r que nessa guerra todos saímos perdendo. Se existissem dois lados nessa história, de um estaria a segurança pública, vista como manutenção de uma ordem fictícia através da violência e do medo, fazendo com que a sociedade civil e a legislação sejam cotidianam­ente violentada­s. Doou trol adoestaria­m os policiais matando e morrendo diariament­e.

Não há dúvidas de que a propostade segurança pública histo ricamente imposta e reproduzid­a não está trazendo benefícios. Precisamos urgentemen­te repensarmo­s amplamente as políticas de segurança pública no país, que semostrara­m uma máquina cara e sangrenta de enxugar gelo.

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