À ESPERA DE UM MILAGRE
Em busca de cirurgia pelo SUS, paciente luta há meses para conseguir atendimento na região.
Abrir o portão de casa, pegar a filha no colo, ou até mesmo caminhar passou a ser tarefas difíceis para Marcos Jorge Rodrigues Júnior, 27 anos. Com uma lesão no joelho, devido a um acidente de moto, e com pouco movimento da perna direita, ele tenta desviar dos buracos das ruas de Belford Roxo. A maior barreira que ele enfrenta, no entanto, é conseguir cirurgia na Baixada.
Desde outubro, quando foi atendido no Hospital Municipal Jorge Júlio Costa dos Santos, o Joca, logo após o acidente, Marcos procura atendimento nos hospitais da região, sem sucesso. “No Joca fui atendido por um clínico e liberado em seguida. Quando finalmente fui atendido por especialista do município ele disse que era necessária a cirurgia, mas que não teria onde ser feita aqui na cidade. Tentei o Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, mas só estão fazendo cirurgias de pacientes internados ou emergenciais. Enquanto isso, meu problema piora”.
Sem poder trabalhar, com uma filha de apenas de 1 ano e a mulher grávida, Marcos tem contado com a ajuda financeira da família. “Sinto dores, mas não tenho dinheiro para os remédios. Queria que pelo menos o município me encaminhasse para um hospital no estado que me operasse, mas nem isso fizeram”.
E ele nem ao menos pode recorrer a uma unidade de saúde do município já que estão todas as 27 fechadas, incluindo a UPA, postos de saúde. O Joca, fechado desde o fim do ano passado, foi encontrado pelo novo prefeito sem medicamentos e com 500 quilos de lixo hospitalar em latões. Na unidade mista do Lote XV, fechada há mais de um ano, a situação não é diferente: lixo, macas sujas e danificadas, e aparelho de raio X desativado. A prefeitura disse que não há um prazo para a reabertura. E que o nome de Marcos será incluído no Sistema Nacional de Regulação (Sisreg), que o encaminhará para o Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into).
CRISE NA SAÚDE
Em Nilópolis, o posto de saúde do bairro do Cabuís foi invadido. A UPA está fechada e as farmácias dos postos também. Em Itaguaí, a central de medicamentos e insumos está com estoque quase zerado. O mesmo problema enfrentam as 69 unidades de saúde de Nova Iguaçu. Os prefeitos alegam que os problemas vieram da gestão anterior, mas que estão em busca de soluções para melhorar o atendimento.