PF descobre esquema de ex-ministro Geddel para liberar recursos da Caixa Econômica
Operação Cui Buono, da PF, investiga liberação de créditos na Caixa em troca de favorecimento
““Os envolvidos (Geddel Vieira Lima e outros) faziam parte de uma verdadeira organização criminosa” Procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes
Um celular que já tinha sido deixado de lado e foi encontrado na casa de Eduardo Cunha, quando ele ainda era presidente da Câmara do Deputados, foi o ponto de partida para revelar a participação de Geddel Vieira Lima, ex-ministro e um dos aliados mais próximos do presidente Michel Temer, num esquema de fraudes na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal que funcionou entre 2011 e 2013. As fraudes foram alvo da operação Cui Buono?, deflagrada ontem pela Polícia Federal. Segundo o Ministério Público Federal, os envolvidos no caso "faziam parte de uma verdadeira organização criminosa".
Agentes da Polícia Federal vasculharam um imóvel de Geddel num condomínio em Salvador, enquanto outro grupo vasculhava a casa do peemedebista em Interlagos, também na capital baiana
Durante o período em que o esquema funcionou, Geddel era vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal. Segundo o MPF, ele repassava informações para Eduardo Cunha que, com seu sócio, o doleiro Lucio Funaro, abordava as empresas afim de obter vantagens indevidas em trocada liberação de empréstimos. Marcos Roberto Vasconcelos, então vice-presidente de Gestão de Ativos, também faria parte do esquema.
Umadas mensagens apreendidas pela PF, em 30 de julho de 2012, citando a Marfrig, mostra como o grupo agia. Após informar que o voto foi favorável a duas operações da Marfrig no valor total de R$ 350 milhões, Geddel sinaliza que tinha feito a parte dele. "Opinião de voto: favorável", e, a sequência, caberia a Cunha, "Ja foi, Agora e vc" (sic).
Um dos mais próximos aliados do presidente Michel Temer, Geddel deixou a Secretaria de Governo em 25 de novembro, após denúncia de que agiu para liberar junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a construção de um prédio de alto padrão em área histórica de Salvador no qual tinha um apartamento.