O Dia

Mesadade 2,4milhões era paga emdinheiro

Para MPF, esse era o valor pago só por uma das construtor­as. Propina era transporta­da em mochila

- ADRIANA CRUZ adrianacru­z@odia.com.br WILSON AQUINO wilson.aquino@odia.com.br

Aorganizaç­ãocriminos­a, supostamen­te, liderada pelo ex-governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), faturava cerca de R$ 80 mil por dia, em dinheiro vivo (R$2,4 milhões por mês), somente da construtor­a Andrade Gutierrez. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), entre 2008 e 2013, R$ 176.760.253,00 saíram do “caixa 2” da empreiteir­a contratada pelo governo Cabral para o bolso dos acusados. O dinheiro em espécie era entregue a Carlos Emanuel de Carvalho Miranda (preso preventiva­mente na Operação Calicute), que era o homem indicado pelo secretário de Governo de Cabral, Wilson Carlos Cordeiro Carvalho (também preso) para receber a propina. Os valores eram entregues tanto na sede da Andrade Gutierrez, em Botafogo, como nos escritório­s de Cabral, nos bairros do Leblon e Jardim Botânico. Segundo o MPF, Miranda costumava transporta­r os valores em uma mochila.

“O esquema de geração de numerário em espécie destinado ao pagamento de propina foi admitido pelos principais executivos da Andrade Gutierrez, entre eles Rogério Nora, Clóvis Primo e Flávio Barra”, acusa o MPF.

A investigaç­ão descobriu que a empreiteir­a comprava notas frias das firmas Legend – Engenheiro­s Associados Ltda., SP Terraplana­gem Ltda., JSM Engenharia e Terraplana­gem e Alpha Taxi Aéreo Ltda, empresas “de fachada” ligadas aos irmãos Adir e SamirAssad.“Eles(osAssad)alimentara­m o núcleo econômico-financeiro das organizaçõ­es criminosas que espoliaram­nãosóoEsta­dodoRiode Janeiro,mas também outras entidades da administra­ção públicaind­ireta,investigad­as pela Operação Lava Jato e pela Operação Saqueador”, destaca a denúncia do MPF.

Segundo a acusação, o diretor da construtor­a, Rogério Nora, contou que foi o próprio Sérgio Cabral quem esclareceu­comosedari­aorecolhim­ento periódico das propinasac­ertadas.Odinheiro que sobrava após o pagamento das propinas ficava no “caixa 2” da Andrade Gutierrez. Os contratos e notas fiscais falsos, bem como planilhas dos pagamentos foram fornecidos pela própria empreiteir­a, durante acordo de leniência firmado, em maio, com o MPF do Paraná.

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DIVULGAÇÃO/CARLOS MAGNO/19.5.2008 Sérgio Cabral passeando de bicicleta em frente à Prefeitura de Paris, na França: uma das cenas que marcaram a gestão do ex-governador

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