Jornal do Commercio

Escolas militares podem pagar mais a policiais do que a professore­s

Os valores são maiores do que os salários recebidos por parte dos professore­s da rede pública estadual

- Agência Brasil

Oprojeto que cria escolas cívico-militares no estado de São Paulo, aprovado nesta terça-feira (21), prevê rendimento­s de mais de R$ 6 mil para jornadas de 40 horassem anais aos professore­s ligadosàpo lícia militar. segundo o texto votado pela Assembleia­legislativ­a doestado de São Paulo (Alesp), os valores aumentam em 50%, podendo chega ramais de R $9 mil, para coordenado­res ou oficiais. Há ainda a previsão de pagamentos menores, caso os policiais militares trabalhem frações dessa jornada.

Os valores são maiores do que os salários recebidos por parte dos professore­s da rede pública estadual. Na última seleção de professore­s temporário­s, foram anunciados salários de R$ 5,3 mil para jornadas de 40 horasse manai ser $3,3 mil para 25 horas. Os temporário­s representa­m quase 60% do quadro total de educadores da rede estadual. Mesmo entre os professore­s do quadro permanente, os salários de R $9 milo umais são pagos apenas a um apequena minoria.

O projeto foi criticado pelo Sindicato dos Professore­s do Ensino Oficial do Estado de São paulo( apeoesp).“vam os nos mobilizar para impedir a transforma­ção de escolas regulares em escolas cívico-militares ou criação dessas escolas com recursos da educação; para que não sejam pagos salários superiores aos de professore­s para militares aposentado­s; para que não sejam formatadas as mentes de nossas crianças e jovens de acordo com o pensamento único do militarism­o”, diz nota divulgada pelo sindicato após a aprovação.

A União Paulista dos Estudantes Secundaris­tas (Upes) também criticou o projeto, que, após aprovado pelos deputados estaduais, segue para sanção do governador Tarcísio de Frei tas .“Nós estudantes­estamos unificados com os professore­s para dizer não a esse projeto que visa sucateara nossa educação. Defendemos a valorizaçã­o dos professore­s, uma escola de qualidade, digna e com uma boa infraestru­tura”, diz anotada entidade.

Para a Upes, a proposta não busca melhorara gestão das escolas, mas implementa­r um processo disciplina­r baseado no pensamento militar.

DISCIPLINA MILITAR

Asescolasc­ívico-militares, com “gestão compartilh­ada” entre corporaçõe­s militares e secretaria­s estadual ou municipais de Educação, poderão ser implantada­s a partir de unidades educaciona­is já existentes ou em novos estabeleci­mentos escolares.

“As primeiras seriam responsáve­is pela administra­ção e disciplina, enquanto as segundas ficariam a cargo da condução pedagógica nas instituiçõ­es de ensino”, diz o texto de justificat­iva da proposta assinado pelo secretário estadual de Educação, Renato Feder.

O objetivo da adoção do modelo é, segundo o projeto, “a elevação da qualidade de ensino medida pelo índice de Desenvolvi­mento da Educação Básica (Ideb)”. Há ainda a previsão da“inserção de atividades cívica sede cidadania”no currículo e atividades extracurri­culares conduzidas pela secretaria de segurança Pública.

VULNERABIL­IDADE E VIOLÊNCIA

Cada escola que aderir ao programa deverá contar com ao menos um policial militar da reserva para implementa­ção das propostas. Ao justificar o projeto, Feder argumentou que a implantaçã­o das escolas busca o “enfrentame­nto da violência” e a promoção da “cultura da paz”.

Um dos critérios para implantaçã­o das escolas, que devem ser submetidas à “consulta pública antes de sua criação,éo“índi cede vulnerabil­idade social”.

Esse ponto é contestado pela professora da Faculdade de Educação da Universida­de de Brasília (UNB) Catarina de Almeida Santos, que faz parte da Rede Nacional de Pesquisa Sobre Militariza­ção da Educação.

“Essas escolas nessas áreas mais vulnerávei­s são as escolas do público que, via de regra, a área de segurança mata no país. Ela mata, ela encarcera. E esses policiais vão para dentro da escola lidar com esses estudantes, que não vão ficar nas escolas, porque o histórico que agente tem de escola militariza­da noBra si lé que esses estudantes são expulsos da escola”, criticou Catarina em entrevista à TV Brasil, emissora da Empresa Brasil de Comunicaçã­o (EBC).

As áreas de segurança e de educação também têm diretrizes conflitant­es, na avaliação da pesquisado­ra .“Quando agente está falando da área de segurança, a questão da disciplina e tendo disciplina como obediência à ordem, a ordem hierarquic­amente falando faz parte disso. Na área de educação, não. O processo educativo se dá no diálogo, se dá na pergunta, se dá dúvida e se dá nessas relações de forma mais horizontal”, finalizou.

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MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL O projeto foi criticado pelo Sindicato dos Professore­s do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp)

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