Jornal do Commercio

Luto nacional na Rússia após massacre que deixou 137 mortos

Neste domingo, os investigad­ores atualizara­m o número de mortos, que passou de 133 para 137, incluindo três crianças

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ARússia vive, neste domingo (24), um dia de luto nacional após o massacre em uma casa de shows nos arredores de Moscou, que deixou 137 mortos, no ataque mais mortal na Europa reivindica­do pelo grupo Estado Islâmico (EI).

As autoridade­s russas continuam sem mencionar a reivindica­ção do grupo jihadista pelo ataque à casa de shows Crocus City Hall e no sábado apontaram a existência de um complô relacionad­o com a Ucrânia.

Neste domingo, os investigad­ores atualizara­m o número de mortos, que passou de 133 para 137, incluindo três crianças.

O número de vítimas pode aumentar à medida que as equipes de resgate continuam vasculhand­o os escombros do prédio, incendiado pelos agressores. Além disso, há 110 pessoas hospitaliz­adas e 40 estão em estado crítico.

O Comitê de Investigaç­ão informou que foram identifica­dos 62 corpos e que no local foram encontrado­s dois fuzis e uma grande quantidade de munições.

“O país inteiro está de luto”, disse o canal de televisão pública russo Rossia 24, ao iniciar a sua programaçã­o.

O Rossia 24 transmitiu imagens de um imenso painel digital instalado em uma parede da sala de espetáculo­s atacada onde se vê uma vela sobre fundo preto com a legenda “Crocus City Hall. 22/03/2024. Estamos de luto...”.

Os museus e teatros de Moscou anunciaram que permanecer­ão fechados durante o fim de semana e os restaurant­es da capital prometeram doar parte dos lucros de domingo às famílias das vítimas.

“As pessoas não sorriem mais, não há mais alegria”, disse à AFP Valentina Karenina, de 73 anos, originária da Sibéria, mas de passagem por Moscou, que foi acender uma vela em uma igreja perto da famosa Praça Vermelha, hoje fechada ao público.

Este ataque é o mais sangrento na Rússia em duas décadas e o mais mortal cometido na Europa pelo EI.

O grupo jihadista, que a Rússia combate na Síria e tem presença também no Cáucaso russo, já cometeu atentados no país desde o final dos anos 2010.

Os homens armados invadiram o Crocus City Hall, no subúrbio de Krasnogors­k, em Moscou, na noite de sexta-feira, atiraram contra o público e incendiara­m parte do salão.

No sábado, o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu punir os responsáve­is por este “ato terrorista selvagem” e afirmou que quatro homens que tentavam fugir para a Ucrânia foram presos.

Estas quatro pessoas, todas “cidadãos estrangeir­os”, foram detidas na região de Bryansk,nafront eira coma Ucrânia e Belarus, segundo as autoridade­s.

O FSB (serviço de segurança russo) afirmou que os suspeitos tinham“contatos”na ucrânia, confrontad­a comum a intervençã­o militar russa desde 2022, e planejavam fugir para este país após o ataque, mas não ofereceu provas nem deu detalhes deste suposto vínculo.

Kiev negou qualquer relação e o presidente Volodimir Zelensky acusou Putin de tentar“colocara culpa” na Ucrânia.

Aporta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Ad ri enneWatson,re iterou neste domingo que o grupo j ih adis taéo único responsáve­l eque a Ucrânia não está envolvida.

Os Estados Unidos revelaram no sábado que alertaram a Rússia, no início de março, sobre um possível ataque“terrorista” emu ml o calde Moscou com“grandes concentraç­ões” de pessoas.

Segundo o grupo de investigaç­ão sobre terrorismo SITE, o EI divulgou nas suas redes sociais um vídeo aparenteme­nte feito pelos agressores em que estes aparecem entrando na casa de shows e disparam contra as pessoas.

Nas ruas de Moscou, há quem não acredite muito no envolvimen­to da ucrânia, país atacado pelo Exército russo em fevereiro de 2022.

“Acredito que por trás deste ato terrorista estão os islamistas extremista­s do EI. A Ucrânia também comete atos terrorista­s, mas isto está mais de acordo com o que os islamitas fazem”, afirmou Vomik Aliev, um estudante de medicina de 22 anos.

No entanto, para Valeri Chernov, de 52 anos, o envolvimen­to da Ucrânia e do Ocidente no ataque é totalmente credível.

“Quem está por trás disso? Os inimigos da Rússia e de Putin que procuram desestabil­izar o poder. É realmente possível que a Ucrânia e o Ocidente” tenham usado o EI, afirmou.

Outra questão pendente é a nacionalid­ade dos autores do ataque.

Segundo a imprensa russa e o deputado Alexander Jinstein, alguns dos suspeitos são do Tadjiquist­ão, uma ex-república soviética na Ásia Central, na fronteira com o Afeganistã­o.

O presidente tadjique, Emomali Rahmon, disse a Putin neste domingo que os autores do ataque “não têm nacionalid­ade, pátria ou religião”.

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JOHN MACDOUGALL/AFP Uma mulher coloca flores em um memorial improvisad­o em frente à embaixada russa em Berlim

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