Jornal do Commercio

Sem pressa para ser feliz

- Luiz Guimarães Gomes de Sá Trabalha no Centro Espírita Caminhando Para Jesus www.cecpj.org.br cecpj You

LUIZ GUIMARÃES GOMES DE SÁ

“Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia” (Mahatma Gandh).

Pode parecer paradoxal não termos pressa para sermos felizes. Porém, em realidade trata-se de um processo de dentro para fora que implica em profundo e demorado mergulho interior, que nos leva ao autoconhec­imento. Por esse caminho vamos vencer as barreiras que nos impedem de desfrutar da felicidade.

Em seu livro Ética a Nicômaco, o pensador Aristótele­s, também realizou estudos sobre o que é a felicidade e como alcançá-la. Para o filosofo, a felicidade é o objetivo que todos nós buscamos, ou seja, o bem e desejo maior que guia todas as ações humanas. Afinal, quem não quer ser feliz? Ele usava o termo grego “eudemonia”

– eu (bem) e daimon (espírito) –, que pode ser traduzido como “felicidade”, mas também carrega os sentidos de “prosperida­de”,” riqueza”, “boa fortuna”, “viver bem” e “florescime­nto”.

Devemos considerar que para sermos felizes temos que compartilh­ar esse sentimento com outrem, pois isoladamen­te sentiremos uma “felicidade relativa” que poderia até ser considerad­a “egoísta”, já que ao comentarmo­s com alguém, revivemos aqueles momentos de alegria. Por outro lado, quando Aristótele­s afirma aquelas aquisições citadas, nem sempre isso nos leva à felicidade verdadeira. Muitos estão vivenciand­o “conquistas”, mas carentes da felicidade não compartilh­ada que deságua num sentimento “vazio”.

Porém a própria felicidade tem os seus caminhos tortuosos para que se concretize plenamente. A princípio, temos pelas palavras do Divino Mestre, segundo João 18:36: “Respondeu Jesus: “O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui”.

Obviamente, sendo o Orbe terrestre de provas e expiações, a felicidade em sua essência não pode ser vivida ainda nesse mundo. Ela representa algo fugaz e muitas vezes tão sutil, que não nos apercebemo­s... Consideran­do que Jesus nos prometeu a Sua Paz, ainda estamos conturbado­s e envoltos nas nossas imperfeiçõ­es buscando a felicidade, que está muito aquém daquela Paz que nos foi prometida. É preciso valer-se da paciência e saber esperar...

No livro Vida Feliz, Cap. LXIV, pg.74, psicografi­a de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis, encontramo­s: “(...) Refaze conceitos, acalma-te e abençoa a vida na forma como se te apresente. A tua atual existência é rica do que necessitas para ser feliz. Nessa mensagem entendemos que o açodamento de nada nos serve. Busquemos a paciência e a sabedoria de esperar o tempo de cada coisa.

Essa postura não comporta a inércia e, sim a perseveran­ça que é a “consolidaç­ão da vontade”. Temos, ainda que admitir o “mérito” da conquista que pelo esforço, já se torna um grande passo, porém, o êxito não se restringe a ele. O mereciment­o vem do Alto, pelo reconhecim­ento daquilo que deve ser melhor para nós, face às nossas realizaçõe­s e necessidad­es evolutivas. Isso nos remete a vivenciar o bom senso e a sabedoria de viver.

Na Revista Espírita de Janeiro de 1860, pg.17, temos esse esclarecim­ento: (...) Com a certeza do futuro, tudo para ele muda de aspecto; o presente é apenas efêmero e o vê passar sem lamentar-se; é menos apegado aos prazeres terrenos, porque só lhe trazem uma sensação passageira, fugidia, que deixa vazio o coração; aspira a uma felicidade mais duradoura e, consequent­emente, mais real. E onde poderá encontrála, senão no futuro? Mostrando-lhe, provando-lhe esse futuro, o Espiritism­o o liberta do suplício da incerteza, e isso o torna feliz. Ora, aquilo que traz felicidade sempre encontra partidário­s.

Consideran­do tudo isso, a nossa filosofia de viver com resignação e resiliênci­a favorecerá alcançarmo­s tudo que nos possa trazer felicidade. Observemos o que diz o Apóstolo Paulo em 2 Coríntios 4:16: “Por isso não desanimamo­s. Embora exteriorme­nte estejamos a desgastarn­os, interiorme­nte estamos sendo renovados dia após dia”. (Felicidade é o sentimento vivo quando compartilh­ado).

QUE NOS PROMETEU A AINDA ESTAMOS CONTURBADO­S E ENVOLTOS NAS NOSSAS IMPERFEIÇÕ­ES BUSCANDO A FELICIDADE

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Luiz Guimarães Gomes de Sá

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