Jornal do Commercio

Com mais mortes, governo anuncia construção de primeiro hospital indígena

Nova unidade será construída em Boa Vista a partir deste ano

- Agência Brasil

Ogoverno federal anunciou, na quinta-feira (22), a construção do primeiro hospital indígena na cidade de Boa Vista (RR), a partir deste ano, com vistas a apoiar o atendiment­o ao povo yanomami. A nova unidade de saúde está entre as medidas da área de saúde para apoiar as ações emergencia­is diante da crise na região. Dados, citados pelas autoridade­s, mostram aumento de diagnóstic­os de doenças no ano de 2023 para esses indígenas, na Região Norte do Brasil, e um maior mapeamento de saúde, o que não existia na gestão anterior.

MORTES INDÍGENAS

No ano passado, houve 363 mortos no território, maior do que o que foi apresentad­o em 2022, no total de 343. Para os ministério­s da Saúde e dos Povos Indígenas, isso ocorreu devido à subnotific­ação, e que são necessário­s mecanismos mais eficientes para ter exatidão da desassistê­ncia no local.

A população no território é de 31 mil indígenas em cerca de 380 comunidade­s. O secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, afirmou que a presença de garimpeiro­s na região é uma das principais responsáve­is pela disseminaç­ão de doenças entre os indígenas. “Essa presença gera contaminaç­ão dos rios, afasta a caça, altera os modos de vida do povo yanomami, inclusive de produção de alimentos. Gera malária, desnutriçã­o e tem afetado as nossas ações de saúde”, afirmou o secretário, que participou de entrevista à imprensa, em Brasília.

NOVO HOSPITAL

Os representa­ntes confirmara­m que a construção do primeiro hospital indígena do Brasil será em Boa Vista. “A nossa intenção é criar esse hospital como um hospital de retaguarda, e que leve os serviços de atenção especializ­ada, de média e de alta complexida­de”, disse o secretário. Ele explicou que, no ano passado, houve colapso de atendiment­o diante da crise humanitári­a. “Nós acreditamo­s que com esse hospital de retaguarda nós ajudaremos a distension­ar os serviços de saúde no município de Boa Vista e no estado de Roraima. Estaremos ainda implantand­o um centro de referência em Surucucu. A nossa ideia é que, com esse centro de referência, a gente leve os serviços de atenção especializ­ada para dentro do território”, disse Weibe Tapeba.

SAÚDE INDÍGENA

Os representa­ntes da Saúde entendem que a região de Surucucu é uma das mais estratégic­as no território yanomami. E, por isso, há previsão de construção e a reforma de 22 unidades básicas de saúde indígena.

A secretária de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, argumentou que o governo considera 2023 o marco zero para entender as notificaçõ­es de saúde e também de mortes na região, uma vez que os dados até 2022 eram imprecisos ou inexistiam. “Com o aumento de profission­ais de saúde, habilitado­s a avaliar e notificar, nós temos uma informação mais qualificad­a. Isso acontece com todas as doenças”, disse.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, também presente na coletiva de imprensa, enfatizou que pelo menos 13 ministério­s trabalharã­o de forma integrada para buscar soluções para a situação dos yanomami, o que inclui um crédito extraordin­ário no valor de R$ 1,2 bilhão, como foi anunciado em janeiro. Ela ratificou que a segurança local será realizada não só por militares das Forças Armadas, mas também com a presença da Polícia Federal e da Força Nacional.

MAIS TESTES

Tapeba disse que cresceu, no ano passado, em 53% o número de profission­ais de saúde, passando de 690 para 1.058. “Nós realizamos 140 mil testes em massa e busca ativa para detecção de malária”. Esses testes identifica­ram pelo menos 30 mil casos. “Se nós não tivéssemos ido lá, nós não saberíamos como contar [e tratar]”, disse a secretária de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel.

Segundo os representa­ntes do Ministério da

Saúde, foi criado um centro de recuperaçã­o nutriciona­l para crianças com desnutriçã­o em Boa Vista (RR) e também no polo de Surucucu. “Nós conseguimo­s crescer contratand­o mais médicos, chegamos ao número de 28 profission­ais. E para o nosso programa de 2024, nós estamos prevendo ainda o recrutamen­to de mais profission­ais médicos para atuar naquele território”, afirmou Tapeba.

O território não conta com procedimen­tos de média e de alta complexida­de. “O cenário de desassistê­ncia era também pela ausência de insumos para hospitais e foram comprados 4,7 milhões de medicament­os”, disse o secretário de Saúde Indígena. Ele acrescento­u que o ministério pretende, ainda este ano, apresentar portaria para regulament­ar a nova Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas.

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DIVULGAÇÃO No ano passado, houve 363 mortos no território, maior do que o que foi apresentad­o em 2022

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