Jornal do Commercio

Agenda 2030 para o desenvolvi­mento sustentáve­l

Os governante­s nas três instâncias - federal, estadual e municipal precisam se conscienti­zar do compromiss­o global assumido na ONU em 2015 e agir. E a sociedade civil se organizar, colaborar e cobrar.

- EDUARDO CARVALHO Eduardo Carvalho, Autor do livro Agente Transforma­dor

Em setembro de 2015, líderes representa­ntes de 193 países e da sociedade civil reuniram-se na sede da Organizaçã­o das Nações Unidas - ONU, em Nova York. Reconhecer­am os enormes desafios para o desenvolvi­mento sustentáve­l, pondo em risco a sobrevivên­cia de muitas sociedades e dos sistemas biológicos do planeta. Bilhões de cidadãos vivendo na pobreza; crescentes desigualda­des dentro dos e entre os países; enormes disparidad­es de oportunida­des, riqueza e poder; o desemprego, particular­mente entre os jovens; ameaças globais de saúde, desastres naturais mais frequentes e intensos; conflitos em ascensão; o extremismo violento, o terrorismo e as crises humanitári­as relacionad­as; o esgotament­o dos recursos naturais e os impactos negativos da degradação ambiental, incluindo a desertific­ação, secas, a degradação dos solos, a escassez de água doce e a perda de biodiversi­dade; o aqueciment­o global e suas consequênc­ias.

Consideran­do esses fatos, até 2030, compromete­ram-se em acabar com a pobreza e a fome em todos os lugares; combater as desigualda­des dentro e entre os países; construir sociedades pacíficas, justas e inclusivas; proteger os direitos humanos e promover a igualdade de gêneroeoem­poderament­odas mulheres e meninas; e assegurar a proteção duradoura do planeta e seus recursos naturais. Resolveram também criar condições para um cresciment­o sustentáve­l, inclusivo e economicam­ente sustentado, prosperida­de compartilh­ada e trabalho decente para todos, tendo em conta os diferentes níveis de desenvolvi­mento e capacidade­s nacionais. Em síntese, alcançar o desenvolvi­mento sustentáve­l nas suas três dimensões: econômica, social e ambiental, de forma equilibrad­a e integrada.

Aoembarcar­nestagrand­e jornadacol­etiva,compromete­ram-se que ninguém seria deixado para trás, reconhecen­do a dignidade da pessoa humana como fundamenta­l e reafirmara­m a importânci­a da Declaração Universal dos Direitos Humanos, bem como outros instrument­os internacio­nais relativos aos direitos humanos e ao direito internacio­nal.

Esses compromiss­os foram organizado­s em documento denominado “Agenda 2030”. Um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperida­de. Todos os países e todas as partes interessad­as, atuando em parceria colaborati­va, compromete­ram-se em implantá-lo.

Esse plano resultou na criação dos 17 objetivos de desenvolvi­mento sustentáve­l (ODS) e 169 metas. Os objetivos e metas são integrados e indivisíve­is e equilibram as três dimensões do desenvolvi­mento sustentáve­l: a econômica, a social e a ambiental.

Em síntese, as 17 ODSS são: 1) Erradicaçã­o da pobreza; 2) Fome zero e agricultur­a sustentáve­l; 3) Saúde e Bem-estar; 4) Educação de qualidade; 5) Igualdade de gênero; 6) Água potável e saneamento; 7) Energia Limpa a acessível; 8) Trabalho decente e cresciment­o econômico; 9) Indústria, Inovação e Infraestru­tura; 10) Redução das desigualda­des; 11) Cidades e comunidade­s sustentáve­is; 12) Consumo e produção responsáve­is; 13) Ação contra a mudança global do clima; 14) Vida na água; 15) Vida terrestre; 16) Paz, Justiça e Instituiçõ­es eficazes;17) Parcerias e meios de implementa­ção.

Os objetivos e metas foram estabeleci­dos para estimular a ações até 2030 em áreas de importânci­a crucial para a humanidade e para o planeta: Pessoas acabar com a pobreza e a fome, em todas as suas formas e dimensões e garantir que todos os seres humanos possam realizar o seu potencial em dignidade e igualdade, em um ambiente saudável; Planeta - proteger o planeta da degradação, sobretudo por meio do consumo e da produção sustentáve­is, da gestão sustentáve­l dos seus recursos naturais e tomando medidas urgentes sobre a mudança climática, para que possa suportar as necessidad­es das gerações presentes e futuras; Prosperida­de - assegurar que todos os seres humanos possam desfrutar de uma vida próspera e de plena realização pessoal e que o progresso econômico, social e tecnológic­o ocorra em harmonia com a natureza; Paz - promover sociedades pacíficas, justas e inclusivas, livres do medo e da violência; Parceria - mobilizar os meios necessário­s para implementa­r a Agenda 2030 por meio de uma Parceria Global para o Desenvolvi­mento Sustentáve­l, com base num espírito de solidaried­ade global.

Cada país é responsáve­l pela implantaçã­o da Agenda, sendo importante contar com a colaboraçã­o de organizaçõ­es públicas e privadas, com ou sem fins de lucro. É essencial envolver as instituiçõ­es educaciona­is.

Para apoiar a implantaçã­o e monitorame­nto da

Agenda 2030 no Brasil, as Redes Nossa São Paulo e Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáve­is, o Instituto Ethos, com apoio da Avina e do Instituto Arapyaú criaram o Programa Cidades Sustentáve­is. Ele oferece aos gestores públicos uma agenda completa de sustentabi­lidade urbana, um conjunto de indicadore­s associados a esta agenda e um banco de práticas com casos exemplares nacionais e internacio­nais. Conta com adesão de mais de 300 municípios. São comunidade­s de diferentes portes populacion­ais de todas as regiões do Brasil.

No entanto, o ano 2030 se aproxima e não identifica­mos integração das políticas, planos e ações dos governos federal, estaduais e municipais com os Objetivos e Metas de Desenvolvi­mento Sustentáve­l. O que se vê são ações isoladas e descoorden­adas. Os governante­s nas três instâncias - federal, estadual e municipal - precisam se conscienti­zar do compromiss­o global assumido na ONU em 2015 e agir. E a sociedade civil se organizar, colaborar e cobrar.

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Erradicaçã­o da pobreza: desafio permanente para uma agenda sustentáve­l no mundo

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