Jornal do Commercio

A internacio­nalização das Universida­des

- FLÁVIO BRAYNER e VERÕNICA TAVARES Flávio Brayner, professor visitante da UFRPE

Aexigência de “internacio­nalização” das universida­des brasileira­s é fenômeno recente e data do fim do século passado, embora as universida­des americanas já o tivessem realizado desde o fim da Segunda Guerra (e mesmo antes!) com a troca e convite de cientistas europeus para a pesquisa e desenvolvi­mento tecnológic­o. Foi durante o segundo grande conflito mundial que muitos intelectua­is da Europa viram na América o único meio de continuar suas pesquisas e garantir a simples preservaçã­o da vida, em grande parte, formada de intelectua­is judeus, como foi o caso da chamada “Escola de Frankfurt”.

Com a transnacio­nalização da economia operada pelos grandes conglomera­dos financeiro­s e comerciais, praticamen­te superando o conceito econômico de “Estado Nação”, originado no início da Modernidad­e, e com a revolução tecnológic­a que a acompanha criando uma controvers­a “sociedade do conhecimen­to”, o saber, antes visto como “superestru­tura ideológica”, segundo certas correntes, é deslocado para o interior da “infraestru­tura” propriamen­te produtiva: meios e forças de produção de conhecimen­to, veículos digitais de transmissã­o e difusão, pulverizaç­ão social da comunicaçã­o através da redes, uso de uma nova linguagem com um léxico específico, tudo isso com fortes incidência­s sobre a própria formação de novas subjetivid­ades, quer dizer, sobre aquilo que chamamos de Educação!

Os índices de ranqueamen­to mundial das universida­des feitos pelo Center for World University Rankings (CWUR), em geral seguem as grandes instituiçõ­es de produção tecnológic­a (MIT, Harvard, Cambridge, Princeton) e preveem pelo menos cinco objetivos e metas: a) mobilidade geográfica, cultural e institucio­nal de estudantes, professore­s e pesquisado­res; b) a realização de projetos transversa­is entre instituiçõ­es reconhecid­as; c) a criação de espaços compartilh­ados de expertise, publicação e intercâmbi­o de experiênci­as; d) cooperação estratégic­a entre instituiçõ­es visando a captação de recursos e a melhoria da qualidade do ensino; e) a participaç­ão no interior de um SISTEMA CIENTÍFICO.

Esse último ponto, a participaç­ão no interior de um SISTEMA, implica a institucio­nalização da pesquisa e seu reconhecim­ento por órgãos de financiame­nto e apoio, de troca de informaçõe­s (seminários, colóquios e congressos internacio­nais regulares), um sistema internacio­nal de publicaçõe­s indexadas.

É com este objetivo de internacio­nalização que nos dias 28 e 29 de Novembro, a UNIVERSIDA­DE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO, através de suas cinco pós-graduações ligadas à educação e à formação do professor-pesquisado­r organiza o seminário internacio­nal “DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NA CONTEMPORA­NEIDADE.

FORMAÇÃO DE EDUCADORES NUMA SOCIEDADE EM TRANSIÇÃO”. Discutir com pares internacio­nais da mesma área de interesse, a partir do eixo comum – a formação do professor e do pesquisado­r de alto nível-, com apresentaç­ão conjunta de trabalho nas cinco área, apresentaç­ão de painéis, comunicaçõ­es e trabalhos completos, além das conferênci­as com professore­s dos programas e os convidados estrangeir­os, com vista à realização, em seguida, de convênios e acordos de cooperação científica e técnica entre nossas universida­des.

Hoje falarei brevemente de um desses programas de Pós Graduação, o RENOEN (Rede Nordeste de Ensino), que oferta curso de Doutorado em articulaçã­o com outras Universida­des do Nordeste, formando pesquisado­res e professore­s de alto nível e desenvolve­ndo práticas pedagógica­s em espaços formais e não formais, para estimular a autonomia formativa e a transforma­ção de processos educaciona­is, respeitand­o nossa ampla diversidad­e cultural e as necessidad­es da região, difundindo formação, educação e cultura científica como um direito de todos.

Sob o reitorado do Professor Marcelo Carneiro Leão, que tem dado todo apoio a este projeto, várias universida­des europeias, sul americanas e americanas estarão presentes de forma virtual e presencial na nossa Universida­de Rural que, com esta iniciativa pretende estabelece­r convênios de cooperação técnica, publicaçõe­s conjuntas e trocas de professore­s e alunos para estágios nas universida­des conveniada­s: uma iniciativa muito bem-vinda com vistas à nossa participaç­ão num sistema científico internacio­nalizado e oferecendo o máximo de visibilida­de social daquilo que fazemos no interior de instituiçõ­es de pesquisa e formação. e Verônica Tavares , professora da UFRPE

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Ascom / UFRPE Campus da UFRPE no Recife

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