Jornal do Commercio

Socorro a réu do 8 de janeiro demorou 40 minutos, diz Defensoria

Segundo a defensoria, os presos disseram às duas defensoras públicas presentes na vistoria que o atendiment­o a Cleriston foi demorado

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ADefensori­a Pública do Distrito Federal afirmou, em relatório produzido após visita ao Complexo da Papuda, em Brasília, que o atendiment­o médico a Cleriston Pereira da Cunha, de 46 anos, que morreu durante um banho de sol dentro do presídio, chegou 40 minutos após ser acionado pelos agentes penitenciá­rios. A informação foi obtida por meio de depoimento de outros presos.

Segundo a defensoria, os presos disseram às duas defensoras públicas presentes na vistoria que o atendiment­o a Cleriston foi demorado, que não havia desfibrila­dor na Papuda, tampouco cilindro de oxigênio. O órgão aponta que os responsáve­is pelo presídio contestam a versão dos presos e informaram que o atendiment­o foi célere, com o acionament­o imediato do SAMU, do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e atendiment­o do setor médico do local. O helicópter­o dos Bombeiros chegou a ser acionado, mas não foi ao local por causa do mau tempo.

DESESPERO NA PAPUDA

O relatório da defensoria informa que os presos “contaram que estavam reunidos no pátio, durante o banho de sol, quando Sr. Cleriston Pereira da Cunha começou a passar mal. Contaram, ainda, que a policial penal, que tomava conta deles, entrou em desespero por não saber como apoiar e passou a enviar mensagens, solicitand­o ajuda”.

Segundo o documento, um detento que é médico e outro que é dentista tentaram a reanimação. “Depois de, aproximada­mente, vinte e cinco minutos, apareceu uma médica com estetoscóp­io e aparelho para medir pressão arterial, instrument­os inadequado­s para a urgência médica”, diz o relatório. A vistoria ocorreu na terça-feira.

HISTÓRICO DE PROBLEMAS DE SAÚDE

Cleriston sofria de problemas de saúde e tinha um parecer da PGR favorável à sua soltura. Enquanto estava detido preventiva­mente na penitenciá­ria, ele recebia remédios controlado­s para diabetes e hipertensã­o e era acompanhad­o por uma equipe médica.

Em consequênc­ia da sua condição física, a defesa de Cleriston havia pedido ao ministro Alexandre de Moraes para que ele fosse colocado em liberdade provisória. No dia 1º de setembro, a PGR deu parecer favorável ao pleito, mas ainda não havia despacho sobre a solicitaçã­o até o dia da morte.

Segundo relatos dos presos, Cleriston “estava tão fragilizad­o que, algumas vezes, era levado com ajuda dos colegas ao banho de sol, já que há uma regra no presídio que nenhum preso pode ficar sozinho na cela enquanto os outros vão ao banho de sol”

De acordo com registros da Secretaria de Estado de Administra­ção Penitenciá­ria do Distrito Federal, Cleriston recebeu oito atendiment­os médicos entre janeiro e agosto. Em maio, chegou a ser levado ao Hospital Regional da Asa Norte. Os demais atendiment­os ocorreram em consultóri­os da própria penitenciá­ria.

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Preso teria sofrido um mal súbito durante banho de sol na Papuda
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