Jornal do Commercio

Israel faz nova operação no maior hospital de Gaza em busca do Hamas

Além dos profission­ais da saúde e pacientes, o maior hospital de Gaza também abriga civis que buscam proteção no meio da guerra

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OExército de Israel afirmou que os seus combatente­s continuam revistando um por um os prédios do hospital Al-shifa, o maior de Gaza. Tel-aviv tem dito que a unidade de saúde esconde um centro de comando subterrâne­o do grupo terrorista Hamas. Funcionári­os do Al-shifa e o Hamas negam a acusação.

“Os soldados estão revistando cada andar, edifício após edifício, embora centenas de pacientes e pessoal médico ainda estejam no local”, disse uma autoridade do Exército israelense ao confirmar a nova operação.

Além dos profission­ais da saúde e pacientes, o maior hospital de Gaza também abriga civis que buscam proteção no meio da guerra lançada por Israel em resposta ao ataque terrorista do Hamas, que deixou 1.200 mortos. Segundo a ONU, cerca de 2.300 pessoas estão no Al-shifa. Diretores do hospital afirmam que falta tudo: comida, água, energia e insumos básicos para tratar os feridos. A OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) já alertou que “o hospital não está mais funcionand­o como hospital” e que a situação é crítica.

AVANÇO DAS TROPAS ISRAELENSE­S

As forças israelense­s entraram no Al-shifa na quarta-feira (15) após dias de cerco ao complexo hospitalar. Depois do primeiro dia de busca, o IDF (sigla em inglês para Forças de Defesa de Israel) divulgou fotos de armas e computador­es, que diz ter encontrado no hospital e identifico­u como sendo do Hamas. No entanto, não apresentou provas dos túneis ou do centro de comando que, segundo Tel-aviv, opera sob o hospital.

“Posso confirmar agora que a operação ainda está em andamento”, disse um porta-voz das Forças de Defesa de Israel. “Todas as evidências publicávei­s foram divulgadas.”

Israel está sob intensa pressão para comprovar alegação que os hospitais em Gaza, em especial o Al-shifa, serviriam de esconderij­o para os terrorista­s do Hamas, argumento que usou para justificar o cerco ao complexo hospitalar, que virou um símbolo da crise humanitári­a no enclave.

Tel-aviv esperava que a polêmica operação revelasse fortes evidências de atividade do Hamas, disse um diplomata europeu ao Washington Post nesta quinta-feira. Mas a ausência de provas contundent­es até a data já levou os aliados ocidentais, incluindo os Estados Unidos, a aumentar a pressão sobre Israel para aceitar uma pausa nos combates, disse o diplomata, que falou sob condição de anonimato.

CONFORMIDA­DE COM LEI INTERNACIO­NAL

Israel tem dito que a operação estaria em conformida­de com a lei internacio­nal porque orientou aos civis que deixassem o hospital antes de entrar para buscar o suposto centro de comando do Hamas A OMS, no entanto, descreveu a ordem para o que o Al-shifa fosse esvaziado como uma “missão impossível”.

Organizaçõ­es humanitári­as alertam que o ataque ao Al-shifa agravou o colapso no sistema de saúde do enclave. O Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas, afirma que mais de 11 mil pessoas, incluindo mais de 4 mil crianças, morreram até a última sexta-feira, quando parou de contabiliz­ar as mortes pela falta de comunicaçã­o com os hospitais, em especial o Al-shifa, que ficou isolado pelo cerco dos últimos dias.

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ISRAELI DEFENCE FORCES / AFP Exército israelense entrou, na quarta-feira (15), no hospital Al Shifa, o maior da Faixa de Gaza

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