ISTO É Dinheiro

GáS ACESO NO BRASIL

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Se a lei, na avaliação do CEO da companhia alemã, traz benefícios, antes é necessário que o regulador – nesse caso, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) - garanta segurança jurídica ao sistema. Sem um bom regulador, na análise de Clark, os investimen­tos não avançam. Isso inclui a definição de boa parte do corpo diretivo da Agência, incluindo a diretoria-geral, ocupada interiname­nte desde março. “O que me preocupa, a curto prazo, é saber se a ANP estará preparada a partir do momento da aprovação. A visão do estado regulador prevê uma agência reguladora bem feita, forte e consistent­e”, afirmou. “Imagina o Banco Central sem presidente durante meses? Os nomes para o cargo estão no Senado e não são discutidos para aprovação. Isso não é razoável.”

Na visão do presidente da Associação Brasileira dos Comerciali­zadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros, adequar as funções na agência reguladora é fundamenta­l, ainda mais em um setor tão complexo, como o de gás natural. O caminho para o cresciment­o e expansão desse tipo de matriz energética está, de fato, na expansão de oportunida­des e aumento de concorrênc­ia. “Essa proposta traz um mercado de gás mais competitiv­o e tira amarrras para que o mercado brasileiro possa funcionar”, disse Medeiros. Em um segmento que contribui para a geração de energia renovável, a questão do meio ambiente – ou, no caso do Brasil, a falta de política pública ambiental clara e eficiente – tem causado enorme dor de cabeça aos executivos das principais indústrias do País. André Clark foi um dos 37 CEOs que assinaram o documento, enviado ao vice-presidente Hamilton Mourão, cobrando ação mais efetiva de combate ao desmatamen­to, além de soluções para amenizar a já atingida imagem do Brasil no exterior.

Pedidos pendentes: de euros

Companhia alemã planeja investir 1 bilhão de euros no Brasil, até 2022. Maior parte dos recursos será alocada na GNA, no Rio de Janeiro

Brasil está entre os mercados mundiais

“O sistema elétrico brasileiro depende dos rios e das chuvas. E esse regime de chuvas é regulado pela Floresta Amazônica, que já teve quase 20% de sua área destruída. Conservar é estratégic­o para a nossa economia, mas o Brasil não está fazendo essa lição”, afirmou o CEO da Siemens. “O desmatamen­to ilegal não pode continuar.”

COMPLIANCE André Clark, que foi CEO da Siemens no Brasil entre novembro de 2017 e abril deste ano, reconhece que a companhia precisou aprender a partir do episódio envolvendo o escândalo de corrupção e do cartel no fornecimen­to de trens e metrô, a maior parte no estado de São Paulo, entre 1998 e 2013. Por ter delatado seus crimes e de outras empresas, a Siemens deixou de ser punida pelo Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade). “A companhia jamais esquece esse episódio e não tem orgulho do que aconteceu. Mas temos orgulho de como fizemos para nos recuperarm­os. A agenda de compliance é cada vez mais essencial”, disse o CEO. “O Brasil precisa avançar ainda mais no ambiente de combate à corrupção. Isso ajuda a atrair mais investidor­es para o País.”

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