Filmes e séries com cenas de transformação
Edição da newsletter comemora as novidades da folha com sugestões de produções com ‘makeovers’ divertidos para assistir no streaming
Agora que todo mundo já sabe que a Folha mudou de formato (cuidar da edição impressa é o meu outro emprego aqui na firma), pensei em escolher filmes e séries com o que estou chamando de cenas de transformação, mais conhecidas como “makeover montages”.
São aquelas montagens em que a mocinha ganha um banho de loja (e às vezes um banho mesmo), uma aula de etiqueta, um corte de cabelo, e sai do outro lado transformada numa lady, finalmente atraente para o mocinho. Tudo isso em uns cinco minutos e com uma música divertida na trilha sonora.
Essas montagens são mais comuns em filmes, onde transformações são mais definitivas. Em séries, ou a mudança é lenta e se dá ao longo das temporadas —o personagem vai aos poucos se tornando uma pessoa diferente— ou é uma cena rápida cuja transformação é descartada ao final do episódio: mudei, mas descobri que não queria mudar ou que é insustentável mudar.
Ainda assim, levantei dois exemplos divertidos em seriados, e mais quatro filmes com belas borboletas saindo do casulo.
Esta newslettereira logo sairá de férias por alguns dias e retorna para a edição do dia 20. Até lá!
“Mulan” (1998)
Além de uma ótima montagem de transformação, tem uma ótima montagem de treinamento que também é um pouco um “makeover”. A de transformação vem logo no começo, trazendo um monte de informações sobre a nossa heroína: ela é jovem, solteira e em idade de casar, mas não se encaixa bem nos padrões exigidos de mulheres como ela. Nem as especialistas que lhe dão banho, arrumam seu cabelo e a enrolam em um quimono novo e lindo são capazes de fazer chegar à casamenteira a Mulan ideal. Essa viria só na outra montagem, em que o batalhão ao qual ela se juntou em segredo treina para ir de um bando de molengas a guerreiros capazes de encarar o exército huno.
Disney+, 88 min.
“As Patricinhas de Beverly Hills” (1995)
A chegada da aluna Tai (Brittany Murphy) ao colégio superchique onde estudam Cher (Alicia Silverstone) e Dionne (Stacey Dash) afeta os vários círculos sociais dos jovens de Beverly Hillls nesta adaptação esperta de “Emma”, de Jane Austen, por Amy Heckerling. Tai veio de Nova York, e Cher logo resolve que ela é um caso que tem solução: novas roupas, novo penteado, nova mentalidade e um namorado bonito e rico.
“Clueless”. Netflix e Telecine, 97 min.
“Miss Simpatia” (2001)
Como um episódio de “Queer Eye” condensado, a cena em que a deselegante agente do FBI Gracie Hart (Sandra Bullock) é transformada em uma miss digna de um concurso nacional é o exemplo perfeito desse tropo cinematográfico elevado a missão militar.
Num hangar, o dólar do pagador de impostos americano reuniu dentistas, cabeleireiros, depiladoras concentradas nas várias partes do corpo (“Sobrancelhas: deveriam ser duas”), uma câmara de bronzeamento artificial e a expertise de Victor Melling (Michael Caine) para em uma noite transformar Gracie em Sandra Bullock, ao som de “Mustang Sally”.
“Miss Congeniality”. Prime Video, 111 min.
“Namorada de Aluguel” (1987)
Nem só mocinhas podem ser transformadas, mas elas são os principais alvos de mudanças em filmes de Hollywood. “Namorada de Aluguel”, apesar de todas as mensagens erradas de filme dos anos 1980, inverte essa lógica e leva o mocinho, Ronny (Patrick Dempsey), de nerd a galã com* apenas umas mangas a menos e uma (des)penteada no cabelo.
“Can’t buy Me Love”, Disney+ e Oldflix,95 min.
“Crazy Ex-girlfriend” (2015-2019)
A comédia musical “Crazy Ex-girlfriend”, criada por Rachel Bloom e Aline Brosh Mckenna, sempre se propôs a inverter e subverter as características clássicas das comédias românticas.
É o que faz “Put Yourself First”, uma das canções do décimo episódio da primeira temporada. Nela, Rebecca (Bloom), que está tentando reconquistar seu namorado da adolescência, Josh (Vincent Rodriguez III), recebe um “makeover” de garotas mais novas. A letra da música incentiva Rebecca a “colocar-se em primeiro lugar”, mas para agradar aos homens.
Paramount+, uma temporada (as outras três estão indisponíveis), 18 episódios.
“Dickinson” (2019-2021)
Outra série que gostava de subverter expectativas, “Dickinson”, de Alena Smith, trazia uma versão da poeta americana Emily Dickinson mais moderna e ousada do que a visão consagrada da escritora como uma mulher depressiva e reclusa. No segundo episódio da primeira temporada, Emily (Hailee Steinfeld) e sua melhor amiga, Sue (Ella Hunt), fazem elas mesmas uma “makeover” e se vestem com roupas masculinas para poder entrar escondidas em uma aula na universidade sobre vulcões.
Appletv+, três temporadas, 30 episódios.