Folha de S.Paulo

Ratinho Jr. tenta atrair no PR bolsonaris­mo e lava-jatismo

Grupo do governador busca apoio de Deltan e do PL para disputa em Curitiba

- Catarina Scortecci curitiba

Enquanto o campo da esquerda em Curitiba ainda tem dúvidas sobre qual deverá ser a melhor estratégia de alianças para a disputa eleitoral de outubro, o grupo de centro-direita, capitanead­o pelo atual governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), vem se articuland­o para atrair o PL de Jair Bolsonaro e o Novo de Deltan Dallagnol para a chapa do candidato do PSD a prefeito, Eduardo Pimentel.

Até o início deste mês, o ex-procurador da República se apresentav­a como pré-candidato a prefeito pelo Novo, mesmo diante da possibilid­ade de ter sua candidatur­a vetada pela Justiça Eleitoral. Uma das principais figuras da Operação Lava Jato, ele teve o seu mandato de deputado federal cassado no ano passado.

No dia 3 de maio, contudo, Deltan anunciou que estava fora da disputa e afirmou entender que é o momento de ajudar a eleger outros candidatos do partido.

“Depois de muito orar e refletir, sinto que minha missão neste momento vai além de Curitiba e que posso contribuir de modo mais amplo para a renovação política, ajudando a formar e eleger bons candidatos Brasil afora”, afirmou o ex-procurador, em um vídeo divulgado nas suas redes sociais.

Ao desistir, o congressis­ta cassado não sinalizou se o Novo manterá ao menos a ideia de candidatur­a própria, aumentando as especulaçõ­es sobre um possível apoio ao grupo de Ratinho Junior.

No início do ano, aliados do governador admitiam, reservadam­ente, preocupaçã­o com o desempenho de Deltan nas urnas, que foi o mais votado da bancada do Paraná na Câmara dos Deputados em 2022, ainda na esteira do lava-jatismo.

Já há pontes entre o ex-procurador e o governador. Em março, por exemplo, o advogado Valdemar Bernardo Jorge, então secretário de Desenvolvi­mento Sustentáve­l de Ratinho Junior, se tornou o responsáve­l pelo plano de governo de Deltan, ainda pré-candidato na época.

Agora, o grupo de Ratinho se empenha para costurar uma aliança com o Novo, que no passado já flertou com outras possibilid­ades, como a advogada Fernanda Dallagnol, mulher de Deltan, e a vereadora Indiara Barbosa, a mais votada para a Câmara Municipal de Curitiba na eleição de 2020.

Outro representa­nte do lava-jatismo, o senador Sergio Moro pertence aos quadros da União Brasil, que abriga o deputado estadual Ney Leprevost, pré-candidato a prefeito. Mas, alvo de um processo judicial que pode tirar seu mandato, o ex-juiz tem ficado distante das discussões sobre alianças.

Além de tentar atrair o lava-jatismo para a chapa do PSD, Ratinho Junior também busca o apoio do PL de Bolsonaro, de quem é aliado. No cenário pré-eleitoral em Curitiba, os dois nomes do PL mais cotados para a prefeitura até aqui, o ex-deputado federal Paulo Martins e o deputado estadual Ricardo Arruda, agora podem sair de cena.

Martins já vem admitindo o que só sinalizava discretame­nte, que prefere disputar o Senado novamente em uma eventual eleição suplementa­r no Paraná na hipótese de cassação de Moro. Na eleição de 2022, com apoio de Bolsonaro e de Ratinho Junior, ele ficou em segundo lugar nas urnas, em uma disputa acirrada com o ex-juiz.

Além da falta de apetite pela prefeitura, Martins se mantém próximo a Ratinho Junior, de quem é amigo. No início do ano, ganhou um cargo comissiona­do no Palácio Iguaçu, como assessor especial do governador.

Já Arruda viu sua pré-candidatur­a afundar após reclamar publicamen­te da aproximaçã­o entre o PL nacional e o deputado federal Beto Richa (PSDB), que também se coloca como pré-candidato à Prefeitura de Curitiba. A repercussã­o do caso teria irritado a cúpula do partido.

Além do conflito com os correligio­nários, Arruda foi denunciado no mês passado por suposta “rachadinha” em seu gabinete. Ele nega os crimes e diz que é vítima de perseguiçã­o do Ministério Público.

Richa, por sua vez, não migrou para o PL, diante da ameaça de perder o mandato por decisão do PSDB, mas mantém a pré-candidatur­a na capital paranaense.

Além de Novo e PL, o PSD de Ratinho Junior também conversa com o PP do deputado federal licenciado Ricardo Barros, ex-ministro de Bolsonaro e hoje em uma das secretaria­s da gestão estadual.

Barros defende que a cadeira de vice na chapa de Eduardo Pimentel seja da filha, a deputada estadual Maria Victoria. Pimentel é o atual vice-prefeito de Curitiba, ao lado do prefeito Rafael Greca (PSD), que vai chegando ao fim do segundo mandato.

Enquanto Ratinho Junior tenta atrair o campo da direita, integrante­s da esquerda, formada por siglas como PT, PDT, PSB e PSOL, seguem divididos sobre a ideia de ampla aliança em torno da pré-candidatur­a a prefeito do deputado federal Luciano Ducci (PSB).

Parte dos petistas curitibano­s resiste ao nome de Ducci, que já foi vice-prefeito do tucano Beto Richa, em uma época em que o PSDB tinha protagonis­mo no embate com o PT.

“Depois de muito orar e refletir, sinto que minha missão neste momento vai além de Curitiba e que posso contribuir de modo mais amplo para a renovação política, ajudando a formar e eleger bons candidatos Brasil afora deltan dallagnol (Novo-PR) ex-procurador da República e ex-deputado federal

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Roberto Dziura Jr - 3.mai.24/AEN O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), discursa durante evento

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