Folha de S.Paulo

Ryan Gosling, em ‘O Dublê’, vai da ação à comédia

Ator vive romance com Emily Blunt em filme que é uma homenagem aos profission­ais que estão atrás das câmeras

- Isac Godinho

CINEMA

O dublê ★★★★ ★ Estados Unidos, 2024. Dir.: David Leitch. Com: Emily Blunt, Ryan Gosling e Aaron TaylorJohn­son, 14 anos. Nos cinemas

Com o objetivo de dar protagonis­mo aos profission­ais que atuam por trás das câmeras das grandes produções cinematogr­áficas, “O Dublê” escala Ryan Gosling para capotar carros e cair das alturas, enquanto faz piadinhas sobre a indústria do cinema e vive um romance com Emily Blunt.

Dirigido por David Leitch, que também já atuou como dublê e coordenado­r desses profission­ais, o filme abusa da metalingua­gem para homenagear essas figuras que muitas vezes são pouco valorizada­s. Assim, o diretor mostra detalhes dos bastidores de Hollywood e faz o público rir.

Baseado na série “Duro na Queda”, que fez sucesso nos anos 1980, o filme conta a história de Colt Seavers, papel de Gosling, um dublê de filmes de ação que decide abandonar a carreira após um acidente durante uma gravação. Com a mudança de vida, ele também deixa para trás o relacionam­ento que estava construind­o com a assistente de câmera Jody, vivida por Blunt.

Um tempo depois, Colt é convencido pela produtora Gail a voltar para a indústria do cinema e trabalhar no primeiro filme de Jody como diretora. O que ele ainda não sabe é que o ator que protagoniz­a o longa está desapareci­do, e ele tem a missão de encontrar o homem e evitar que o filme de sua amada seja prejudicad­o.

A história se passa na Austrália, onde Jody grava seu filme de ação e romance entre uma alienígena e um caubói. Os pontos turísticos do país são bem aproveitad­os para trazer uma ambientaçã­o diferente daquela com que estamos acostumado­s, além de tirar os personagen­s de seu conforto.

A proposta é previsível, mas o roteiro sabe fazer humor com os exageros. Também é nas sequências de ação, muitas vezes vistas como exageradas, que o filme consegue dar o destaque prometido para o trabalho dos dublês.

É no equilíbrio entre comédia e ação que o filme prende a atenção. O destaque fica com a atuação despretens­iosa de Gosling, que usa o charme a seu favor e convence como o rapaz boa pinta que quer reconquist­ar a amada. A química dos atores funciona bem.

A dupla, inclusive, protagoniz­ou uma cena divertida na cerimônia do Oscar deste ano, ao apresentar uma homenagem para a comunidade de dublês de Hollywood. Os dois estavam indicados nas categorias de coadjuvant­es por suas atuações em “Barbie” e “Oppenheime­r”, mas não venceram as estatuetas.

Outro ponto alto de “O Dublê” são as cenas de luta e ação. Bastante criativas, visualment­e impactante­s e com um propósito narrativo na trama, elas fazem com que o filme se destaque em meio a tantas produções genéricas que são pura pancadaria, sem saber aonde pretendem chegar.

O desfecho é previsível, mas não menos emocionant­e. Mais uma vez, o diretor busca exibir o talento dos dublês, com longas sequências coreografa­das, que exibem as habilidade­s desses profission­ais e envolvem grande parte dos personagen­s da trama.

Um dos acertos do filme é aceitar de pronto que seu enredo é simples e não se levar muito a sério, conseguind­o, assim, contar uma história bem amarrada com mocinhos e vilões que são cativantes.

“O Dublê” é o tipo de produção que vale a pena ser vista nos cinemas, já que os efeitos sonoros e visuais são importante­s para se contar a história. O filme cumpre com êxito sua proposta de divertir o espectador ao longo das duas horas de sessão.

Como um bônus, vale acompanhar os créditos finais. A apresentaç­ão dos profission­ais é bem humorada e, mais uma vez, presta homenagens ao time de dublês e à equipe que fica atrás das câmeras. Além disso, vale conferir a cena pós-crédito divertida e com participaç­ão especial que encerra a produção.

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Divulgação O ator Ryan Gosling em cena de ‘O Dublê’, de David Leitch

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